Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo.
De Corpo e Alma de Volta à Salvador.
Miguel Sayad – SBPRJ
25 DE ABRIL 1974.
Um novo tempo se inaugurou em Portugal: as palavras ausentes ou silenciadas voltaram às praças, às ruas e às consciências adormecidas de um povo submetido por um modelo de patriarcado opressivo e intolerante. Final pacífico de uma longuíssima ditadura. O Corpo e a Alma de um povo uniram-se na Travessia para a liberdade.
26 de Abril 2023.
O Brasil volta ao Programa Audiovisual da CPLP, parte da reconstrução da vida criativa e cultural do país após os seis anos de obscurantismo. Um novo tempo para nós também: vão sendo refeitos nossos laços amistosos e progressistas com os países irmãos de língua portuguesa.
27 de abril 2023.
O V Congresso de Psicanálise de Países da CPLP abre seus trabalhos na cidade de Salvador, na Bahia de Todos os Santos – Brasil. O quinto de uma longa série iniciada formalmente em Lisboa com o I Congresso de Psicanálise da CPLP, organizado e coordenado por Luísa Branco Vicente, Portugal e Ney Marinho, Brasil.
Estes congressos são a frutificação das sementes lançadas aqui em Salvador, 2007 e em Lisboa, 2006: os dois Congressos Luso Brasileiro de Psicanálise.
Vem de muito tempo, desde Fernando Pessoa, o sonho de uma comunidade de países de língua portuguesa. Este sonho começou a tornar-se realidade a partir das realizações e esforços de Ney Marinho e Pedro Gomes, membros eméritos e ex-presidentes da SBPRJ. Na Revista Trieb, publicação da SBPRJ, “Português: Língua e Existência” está registrada a história e pré-história deste projeto.
O I encontro da SBPRJ-CPLP foi em Maputo, Moçambique, em 2011. Na delegação da SBPRJ, mais de 30 psicanalistas e também vários artistas com trabalhos de artes visuais, música e cinema. A demanda foi a abordagem das crianças soldados.
O II Encontro SPBRJ – CPLP: Tributo a Nelson Mandela, 2014, foi realizado no MAR, Museu de Arte do Rio de Janeiro e na Biblioteca Parque da Rocinha, uma das maiores comunidades, favelas do Rio de Janeiro.
Em 2016, com o tema “Violência Memória e Identidade”, formaliza-se em Lisboa, com a participação efetiva e organizadora da SPP, Sociedade Portuguesa de Psicanálise, consequência da criatividade e empenho de Luisa Branco Vicente, o I Congresso de Psicanálise dos Países de Língua Portuguesa. Este Congresso foi o tema de número especial da Revista Trieb de 2017: “O Mar como Fronteira, A língua como Ponte.” Este número estará disponível durante o 5° Congresso, em Salvador.
Não poderia terminar esta breve notícia sem deixar de mencionar nossa relação afetiva e psicanalítica com Cabo Verde, sede do IV Congresso, realizado na Ilha de São Vicente na Casa de Cultura no Mindelo, em Novembro 2018 com o tema “Rotas da Escravidão”.
A SBPRJ já havia desenvolvido um encontro em Cabo Verde, em 2013, no Congresso da Associação Saúde Mental de Língua Portuguesa (ASMELP).
E em outra ocasião, sobre a questão da paternidade, tendo como eixo o filme sobre a relação conflituosa entre Luiz Gonzaga, grande cantor e sanfoneiro nordestino e seu filho Gonzaguinha, expoente da música brasileira e empenhado na reação contra a ditadura no Brasil.
Continuamos em contato com Cabo Verde através de seu Centro Cultural em Lisboa. Em 2022, membros da SBPRJ e da SPP participaram da mesa-redonda “A Saúde Mental da Mulher-Mãe”. O CCCV – Centro Cultural de Cabo Verde – inaugurado em 2018, foi o primeiro Centro Cultural de um País Africano na Europa.
Assim continuamos nossa travessia psicanalítica, desde as Rotas da Escravidão para uma nova rota – Travessias do Corpo e da Alma – tema tão caro a Freud como a todos nós, psicanalistas e pensadores da cultura e da liberdade, em nosso longo caminho para a libertação do espírito e para uma sociedade criativa e pacífica, desimpedida da opressão e silenciamento devido ao patriarcado maligno.
(Os textos publicados são de responsabilidade de seus autores)
Categoria: Cultura e Instituições Psicanalíticas
Palavras-chave: Corpo, Alma, Travessia, Língua Portuguesa, Psicanálise.
Imagem: obra de Unnur Gudrún Óttarsdóttiir, artista e terapeuta Islandesa durante sua residência no EV_LARGO, Lago das Artes, Rio de Janeiro
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