Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo.
Primeiro de maio
Ney Marinho (SBPRJ)
É muito triste ver um Primeiro de Maio sem qualquer manifestação da grande mídia – tão atenta às tragédias como às banalidades da vida – sem distinguir o que importa do que é lastimável ou sequer insignificante. O Primeiro de Maio tem uma longa tradição de luta dos trabalhadores, das mulheres principalmente, pela redução das horas de trabalho, pela luta contra o trabalho infantil e, no nosso meio, pela luta contra o que hoje chamamos, com razão, de trabalho escravo, dadas nossas origens escravocratas.
Assim, transcrevo uma leviana prosa com ares de poesia que escrevi para meus sobrinhos netos de meu irmão – também companheiro das lutas socialistas – ao voltar de um domingo de sol pela bela orla carioca (do Leblon ao Arpoador), com alegria e tristeza, sentimentos que aprendi a acolher e que se reúnem numa palavra muito própria nossa: Saudade.
Primeiro de Maio
(Ao Joãzinho e sua linda irmã Ana Luiza)
Primeiro de Maio
Primeiro de Abril
Conto do vigário
De um calendário
Que um dia existiu.
Onde encontrar
Aquele ponto vermelho,
Entre papéis espalhados,
Esperanças perdidas,
A juventude sofrida,
E os amigos esquecidos
Num passado recente,
Que está tão distante.
A moça faz jogging,
Os peitos empinados,
Quadris colocados,
Barriga encolhida.
Gazela perdida
Entre a areia
E o asfalto.
O menino pedala,
Com determinação,
Entre patins e skates,
Seu audaz velocípede,
Sem rumo ou destino,
Como sigo puxando-puxado,
Na contra-mão,
Com a Nega Fulô.
Ó Fulô … Ó Fulô …
Ah! Foi você que roubou …
O sol escaldante,
Traz versos-cantigas,
Músicas longínquas …
Neste Domingo bissexto,
Fora de tempo e lugar.
(Os textos publicados são de responsabilidade de seus autores)
Imagem: “Operários” (1933), pintura de Tarsila do Amaral
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