Em 1930, Freud nos dizia que é na substituição do poder do indivíduo pelo poder de uma comunidade que se constitui o passo decisivo para a civilização. É da necessidade de acolhimento do nosso desamparo, como também da capacidade da contenção de nossas pulsões sexuais e destrutivas que depende a nossa sobrevivência e a forma como vamos nos organizar no campo social, econômico e político.
Vivemos tempos difíceis. Crises de toda ordem apontam para a presença de uma destrutividade humana desenfreada em nosso planeta. Guerras, democracias ameaçadas pelo crescimento da extrema direita, catástrofes ambientais, aquecimento global ameaçador à vida, desigualdade socioeconômica, crise migratória, ataques aos direitos humanos e insegurança alimentar são exemplos que nos despertam intensa preocupação.
Recentemente ocorreu o encontro do G7, acontecimento político que reuniu as sete maiores economias do mundo – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – que, juntas, representam cerca de 10% da população mundial e 45% da renda bruta do planeta, atestando o profundo desequilíbrio na distribuição de nossas riquezas. Nessa edição, o Brasil foi convidado a participar devido ao seu protagonismo nas possibilidades de enfrentamento à questão ambiental.
Ao mesmo tempo, movimentos sociais no mundo todo se reorganizam e disputam a cena política, denunciando o caráter performático dos grandes acordos diplomáticos, pouco comprometidos com transformações efetivas da realidade.
Os mundos são muitos, e cada vez mais cindidos pelo efeito das bolhas digitais. Haverá política capaz de fazer a mediação entre tantos interesses, tantas verdades, tantas tensões?
Seremos capazes de instituir um comum e interromper a rota predatória de nossas relações e construir caminhos que tragam o novo e impeçam a iminente ameaça ao nosso planeta?
Quais os limites da palavra? Quais os limites da política? Por quais vias será possível transformar a realidade?
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Abraços Equipe de Curadoria