Corrupção – tudo começa em casa?

Observatório Psicanalítico 06/2017

Ensaios sobre acontecimentos sociais, culturais e políticos do Brasil e do mundo.

 

Corrupção – tudo começa em casa?

Maria Teresa Lopes (SBPRJ)

 

Etmologicamente o termo corrupção vem do latim corruptus que significa o ato de quebrar aos pedaços, ou seja, decompor e detonar algo.

Vivemos hoje, aqui no Brasil, um lastimável episódio político que nos mostra todo um esquema de corrupção que há anos existe no País e que somente neste momento vem à tona. O Brasil, rico em solo, onde tudo aparece e com qualidade e quantidade, mantém ainda, por interesses obscuros, hoje não tão mais, um sistema que impede o seu real crescimento devido à ganância de políticos que, completamente antiéticos, não conseguem olhar para o bem maior de uma nação que é a sua população.

Todo este processo pelo qual estamos passando chama muita atenção pelo fato de como as pessoas, de modo geral se posicionam emitindo suas opiniões de forma moralista, sem se permitir parar para pensar sobre suas ações, o que consequentemente poderia levar a um ato corrupto.

Sempre escutei que o Brasil era o país do “jeitinho”. Trata-se este “jeitinho” de uma forma de corromper o sistema estabelecido. É o dinheiro que o comerciante guarda para os fiscais, o dinheiro que o cidadão oferece ao guarda para este fingir não ter visto o seu erro, a mãe ou o pai que promete um agrado ao filho que não quer cumprir com as suas obrigações, o funcionário público que usa o bem público em prol de suas necessidades pessoais, é o jeitinho para tentar dar uma volta na receita federal. Enfim, são tantas formas de corromper o Estado. Essas formas passam a ser “normais”, enquanto são totalmente anormais por se tratar de corromper algo, usando situações nada lícitas ou legais, para se obter algum tipo de vantagem. Pois isto não é nada bacana. Se, neste momento, não conseguimos mudar os velhos hábitos e costumes, que há muitos anos são estabelecidos pela própria população, será que vamos conseguir mudar a mentalidade do País em relação a todo esse processo que estamos vivendo?

Tudo isto soa como atos de irresponsabilidade e de crueldade porque, enquanto buscamos um “jeitinho”, estamos ao mesmo tempo sendo coniventes com todo um sistema que não tira o Brasil do buraco, estamos sendo coniventes com a morte de milhões de brasileiros que precisam da ajuda do Estado para uma vida melhor, estamos sendo coniventes com os grandes desfalques que hoje vêm sendo revelados. Então, precisamos pensar se um país corrupto só o é porque sua população vedou seus olhos, comete pequenos hábitos que alimentam os grandes. Precisamos saber que nossas atitudes podem mudar e muito uma nação, ampliando a consciência de nossos atos, e tendo a noção que um país só pode ser grandioso se sua população for grandiosa de caráter. O que temos acompanhado é o oposto. O discurso moralista por parte daqueles que lesam a Pátria vem sendo repetido e aplaudido por uma grande massa que se identifica com esses algozes, sem poder se diferenciar e nem mesmo se distanciar para, quem sabe, poder refletir de outra forma. Vale pensar.

 

Os textos publicados refletem a opinião de seus autores.

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