Didier Anzieu

(1923 – 1999)

Didier Anzieu nasceu em Melun, França, em 8 de julho de 1923 e morreu em Paris, em 25 de novembro de 1999.

Teve grande atenção de seus pais, sobretudo devido à perda de uma irmã, natimorta, o que contribuiu para um estado de depressão importante de sua mãe. Isto fez com que fosse criado por uma tia materna.

Chegou à psicologia passando primeiramente pela filosofia, tendo estudado com Daniel Lagache na Sorbonne. Sua tese de doutorado abordou a auto-análise de Freud e seu papel na criação da psicanálise.

Em 1949 analisou-se com Jacques Lacan, que por sua vez havia analisado a mãe de Didier e, a partir dessa análise, escrito sua tese de doutorado intitulada De la psychose paranoïaque dans ses rapports avec la personnalité (Da psicose paranóica e sua relação com a personalidade). O fato levou à ruptura de Anzieu com Lacan, depois de uma análise que durou quatro bons anos de trabalhos. Em 1953, Anzieu procurou Daniel Lagache como analista. Juliette Boutonier e Georges Favez também fizeram parte do seu treinamento como analista.

Em 1964 contribuiu para a formação da Sociedade Psicanalítica Francesa, tornando-se seu vice-presidente.

Estudou psicanálise, métodos projetivos, psicodrama. Interessou-se pelo teste de Roscharch e por métodos projetivos, nos quais se especializou.

Em 1962, usando as dinâmicas de Lewin em formação de grupos, criou o CEFFRAP – Centre d’études Françaises pour la Formation e la Recherche Active em Pshychologie (Centro de Estudos Franceses para a Formação e Pesquisa Ativa em Psicologia), onde desenvolveu as primeiras pesquisas e experiências em psicanálise de grupo, como também com grupos de psicodrama.

Além de sua brilhante carreira acadêmica, foi editor de sucesso e escritor de crônicas, ensaios e dramas.

Apesar de considerar-se ortodoxo em psicanálise, sempre buscou adequar a interpretação à necessidade do paciente.

Postulava o uso psicanalítico em qualquer situação de tratamento, qual fosse individual, em grupo, com o paciente deitado, sentado, e nos processos de criação.

Tinha como fontes Melanie Klein, Wilfred Bion, Donald Winnicott e Esther Bick.

É o autor do conceito “Eu-pele”, formulado entre 1985 e 1989, por meio do qual postula as experiências iniciais da criança e sua noção de ego, a partir das experiências da superfície do corpo. Este conceito dá origem a pesquisas sobre os “envelopes” corporais, proibição de tocar e transformações patológicas.

Nas palavras de Anzieu: “Posso agora precisar minha concepção do Eu-pele. O círculo materno é assim chamado porque ele ‘circunda’ o bebê com um envelope externo feito de mensagens e que se ajusta com uma certa flexibilidade deixando um espaço disponível ao envelope interno, à superfície do corpo do bebê, lugar e instrumento de emissão de mensagens: ser um Eu é sentir a capacidade de emitir sinais ouvidos pelos outros” (O Eu-pele, 1988).

Didier Anzieu é responsável por uma proposta nova do uso dos métodos para tratar e pensar o corpo, a pintura, a escrita e os grupos.

Bibliografia

  • ANZIEU, Didier. L’autoanalyse. Paris: Presses Universitaires de France, 1959.
  • O Eu –pele (Tradução de Zakie Rizkallah e Rosaly Mahfuz). São Paulo: Casa do Psicólogo, 1988.
  • Beckett and Bion (Juliet Mitchell, Trans.). International Review of Psycho-Analysis, 16 (2), 163-170, 1989.
  • The sound image of the self. International Review of Psycho-Analysis, 6 (1), 23-36, 1979.
  • KAËS, René. Les voies de la psyché, hommage à Didier Anzieu. Paris: Dunod, 1994.

Referências

  • ANZIEU, D. O eu-pele. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1988.
  • http://pt.wikiquote.org/wiki/Didier_Anzieu
  • http://www.google.com.br

Resenha elaborada por Eliane de Andrade, analista didata do Grupo de Estudos Psicanalíticos de Minas Gerais.

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