Observatório Psicanalítico OP 634/2025 

Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do mundo

Calibán – Prêmio Sigourney Award 2025 

Silvana Rea – SBPSP 

No início deste ano, Calibán recebeu o Primeiro lugar no Prêmio na categoria Cultura da IPA em Comunidade e no Mundo 2025.  

E agora, é com enorme alegria que partilhamos a notícia de que fomos contemplados com o Prêmio “Sigourney Award” 2025 do Sigourney Award Trust, organização independente e sem fins lucrativos, que concede anualmente prêmios de reconhecimento internacional a obras excepcionais que contribuem para o avanço dos princípios psicanalíticos. Calibán foi reconhecida por seu trabalho criativo e inovador que expande o pensamento psicanalítico globalmente.

Além do reconhecimento por suas iniciativas editoriais ligadas ao espírito do tempo, publicadas em português, espanhol e inglês, a equipe de Calibán recebeu cumprimentos por sua abordagem acadêmica criativa e que expressa a realidade e o pensamento latino-americano, transcendendo as fronteiras regionais. Foram dignas de nota também as iniciativas de Calibán: o “Prêmio Novas Vozes”, que contempla psicanalistas em formação estimulando sua produção escrita, e o projeto “Calibán Itinerante” que mostra a capacidade da equipe de ultrapassar as fronteiras geográficas, organizando eventos públicos em museus, universidades e espaços culturais em diversos países. 

Ser premiada é muito importante, particularmente porque esses 12 anos de existência mostraram o quanto é difícil manter uma revista que fala em língua própria. Recebemos muitos ataques. Um comentário feito a título de crítica, foi que Calibán seria muito bonita e que, portanto, não parecia latino-americana, e sim, europeia. 

Bem, mas essa é justamente a vocação de Calibán, assim batizada em referência ao personagem de “A tempestade” de Shakespeare, nativo de uma ilha caribenha fictícia cujo nome é um anagrama da palavra canibal. Sua condição de escravo, que não partilhava a língua do colonizador, remonta à exploração colonial e ao mesmo tempo à resistência a ela, no desafio de se produzir conhecimento a partir de sua própria perspectiva. A origem e tarefa de nossa revista é, portanto, ser descolonizada, imbricando cultura e psicanálise.

Um pouco da nossa história. Havia uma revista latino-americana de psicanálise, ligada aos congressos da FEPAL e Leo Nosek (Brasil) foi seu editor na gestão de Marcelo Viñar (Uruguai).  Quando assumiu a presidência da FEPAL, Leo idealizou a revista, que deveria manter independência editorial. Ele chamou Mariano Horenstein, de Córdoba, que então editava a revista Docta. Os primeiros editores foram Mariano e como editora associada Laura Veríssimo (Uruguai), representando a região sul. Para a região centro, a editora foi Ana Maria Azevedo (Brasil) com Raya Angel Zonana como editora executiva por São Paulo. Ana Maria se afastou depois do primeiro número e Lucia Palazzo (Brasil) ingressou no time como adjunta de Raya. Posteriormente, chegaram Cecilia Rodriguez do México como editora associada de Andrea Altare (Colômbia), representantes do norte. Em seguida tivemos como editoras Raya e Carolina García Maggi, associada, Carolina e Cecilia Moya (Argentina), por fim, atualmente somos Maria Luisa Silva Checa (Peru) e Silvana Rea (Brasil), associada.

Vamos lembrar que o primeiro número, “Tradição/Invenção” foi lançado no 29° congresso da FEPAL em São Paulo, que coincidiu com a 30° Bienal Internacional. Era 2012 e também comemorávamos os 90 anos da Semana de Arte Moderna. Uma menção importante aqui, porque o ideário antropofágico modernista combinava perfeitamente com as intenções de Calibán.

Anos depois, mais um prêmio! E tomo a liberdade de citar as palavras de Robin A. Deutsch, analista co-curador do Sigourney Award Trust: “A equipe Calibán realizou um trabalho excepcional ao produzir uma revista instigante, publicada em três idiomas, que ultrapassa fronteiras internacionais, disciplinares e linguísticas com perspectivas científicas e artísticas inovadoras, promovendo o diálogo entre a psicanálise e os mais diversos aspectos da experiência humana”.

São 12 anos de trabalho coletivo árduo, voluntário, que se propõe manter a independência e ir contra a corrente do establishment. E pretendemos incrementar nossas atividades itinerantes em diversos países, divulgando ainda mais o pensamento psicanalítico latino-americano. 

Calibán, ganhou o Sigurney Award, mas a vitória é da psicanálise latino-americana! #juntossomoscalibán

Palavras-chave: Calibán, psicanálise, prêmio, revista

Imagem: foto-montagem das imagens das capas da Revista 

Categoria: Cultura 

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Categoria: Cultura
Tags: Calibán | prêmio | Psicanálise | revista
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