Observatório Psicanalítico OP 566/2025

Olá pessoal boa tarde,

Publicamos hoje a quarta publicação de ensaios de colegas candidatos a nos representar no Board da IPA. O ensaio é de Magdalena Filgueira, nossa colega da Associação Psicanalítica do Uruguai (APU), OP 566/2025, sobre 8 de Março – Dia Internacional das Mulheres

Boa leitura a todos e todas.

Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo 

8 de março – Dia Internacional das Mulheres

Magdalena Filgueira – APU 

De acordo com o movimento feminista, “o pessoal é político”, significando que todo sofrimento, todo pathos individual, é coletivo. Ideia semelhante à proposta freudiana de que a psicologia individual é, antes de tudo, psicologia social. O feminismo sustentava que “o poder está na ponta do falo”, no entanto, nos permitimos hoje, no terceiro milênio, reformular o significado do falo: ele não pertence a ninguém, ninguém o possui, ninguém o detém, e seu poder está em sua circulação. Inaugurando, assim, uma problemática que não contempla mais o erótico como um recinto fechado, de propriedade privada, mas como uma relação de poder entre os gêneros: a estrutura de um dispositivo de essência política, constitutivo da ordem patriarcal, como reflete Lipovetsky em 1999, em “A terceira mulher”. 

Escutemos as histórias que compõem a discursividade para colocá-la em funcionamento na interpretação da teoria e da prática psicanalítica, situando a angústia singular-coletiva no centro. Consideremos que, para a psicanálise, enquanto houver angústia, haverá um analisante, ao passo que, sem angústia, poderá não haver analisantes, mas ainda assim, poderão existir adesões a movimentos sociais que tragam à tona angústias e as transformem em demandas.

Freud, em sua conferência “Sobre uma visão de mundo”, expressa a necessidade humana de uma ideia da invenção de uma “visão de mundo” como uma “construção intelectual-emocional, que resolveria, de forma unitária, todos os problemas de nossa existência, com base em uma hipótese suprema”, que é transmitida através da formulação de três grandes histórias, ou trilhos simbólicos de interpretação, que geraram os seres humanos na Cultura, a partir de seus desconfortos; são eles: metafísica (religião), arte e ciência. 

Seguindo o próprio Freud, poderíamos colocar essa demanda no plano da ilusão de um futuro, desde que o interpretássemos como tal, o que desarticularia o impossível, o único, o mestre, o tudo, que tende a tomar o caminho dos absolutismos e fanatismos – tema aprofundado no último Congresso da Fepal no Rio de Janeiro. 

Como valorizar, elevar e sustentar firmemente, ao mesmo tempo, ideais de construção de políticas sociais justas, equitativas e solidárias entre mulheres e homens, desconstruindo o patriarcalismo absolutista, gerando uma escuta aberta e uma visão não reducionista a partir da própria psicanálise?

Nesse sentido, conversou-se no OP a respeito do campo de questões, que germinam com vitalidade, sobre a formação de psicanalistas. Hoje, no Dia da Mulher no mundo, seria pertinente que colocássemos nossa ferramenta técnica e a arte da interpretação em torno das sexualidades. Poderíamos, então,  antecipar, agrupar sob uma teoria, as manifestações eróticas? 

– Que posição na enunciação assumiria o psicanalista ao interpretar? Poderia ele reunir incertezas e erros, sem deixar de ser bom? Suficientemente bom.

– Como treinar os psicanalistas no desejo, que aponta para a abertura, que permite a plasticidade de oscilar, de hesitar e de não fechar o momento de formular uma interpretação, – Kairós dos gregos -, calculando mais ou menos o conteúdo da interpretação que conseguiria superar até mesmo a intenção do autor? 

Ao considerar os fenômenos sociais e culturais por meio desse olhar, poderíamos pensar se os erotismos e as subjetividades estão em mutação, ou se a transformação estaria na abertura para gerar as condições de possibilidade de sua expressividade. A mutação seria então concebida na expansão das singularidades no universo dos erotismos.

Que a teoria psicanalítica permaneça aberta ao ato de ser interpretada a partir dessa mesma posição!

Comemoro os anos de mobilização dos movimentos sociais de luta, de conquistas e de um horizonte aberto de realizações ainda a serem obtidas, em termos de igualdade de direitos e possibilidades, para as mulheres, em todas as esferas.

Abraço carinhoso aos analistas latinoamericanos,

(Os textos publicados são de responsabilidade dos autores)

Categoria: Política e Sociedade

Palavras-chave: mulheres, movimentos-social, psicanálises, erotismos, interpretação 

Imagem: Magdalena Filgueira Uruguay, Soledad Sosa, Uruguay, Gabriela Levi, Uruguay y San Pablo, Brasil,  Mariana Mantiñán, Uruguay, Samantha Nigri Río de Janeiro, Brasil, Carolina García, Uruguay. Algumas mulheres potentes da FEPAL – IPA.  Foto de Douglas.

Os ensaios do OP são postados no Facebook. Clique no link abaixo para debater o assunto com os leitores da nossa página: 

https://www.facebook.com/share/p/1A424Bu8rc/?mibextid=wwXIfr

Nossa página no Instagram é @observatorio_psicanalitico

E para você, que é membro da FEBRAPSI e se interessa pela articulação da psicanálise com a cultura, inscreva-se no grupo de e-mails do OP para receber nossas publicações. Envie mensagem para op.febrapsi@gmail.com

______________________________________________________________________________

Trabalho original em espanhol 

Observatorio Psicoanalítico OP 566/2025

Ensayos sobre acontecimientos sociopolíticos, culturales e institucionales de Brasil y del Mundo

8 de Marzo Día Internacional de la(s)Mujer(es)

Magdalena Filgueira – APU

De la mano de la enunciación, que enarbolara el feminismo ‘Lo personal es político’, por lo que todo padecimiento, ‘pathos’ individual es colectivo, que se asemeja a la propuesta freudiana de que toda psicología individual, es primero y a la vez, psicología social, el movimiento feminista sostuvo que ‘El poder está en la punta del falo’, y que nos permite hoy en el tercer milenio, reformular la significancia del falo: no es de nadie, nadie lo es, nadie lo detenta, y que su poder está en su circulación. Delimitación que inaugura una problemática que ya no contempla a ‘la erótica’ como un recinto cerrado de propiedad privada, sino como una relación de poder entre géneros, estructura de un dispositivo de esencia política constitutivo del orden patriarcal, reflexiona Lipovetsky en1999, en ‘La tercera mujer’. 

Escuchemos los relatos que componen discursividad para ponerla a trabajar en la interpretación de la teoría y en la práctica psicoanalítica, colocando la angustia singular -colectiva en el centro, considerando que para el psicoanálisis en tanto haya angustia habrá analizante, y sino puede que no lo hubiere, pudiendo sí haber pertenencia a movimientos sociales que la transformen en reivindicaciones válidas.

Freud, plasma en la conferencia ‘En torno a una cosmovisión’ la necesidad humana de una idea de la invención de una ‘cosmovisión’ como ‘construcción intelectual- emocional, que solucionaría de manera unitaria todos los problemas de nuestra existencia a partir de una hipótesis suprema’, que se vehiculiza a través de formulaciones de tres grandes relatos, o carriles simbólicos facilitadores de interpretación que producen, que han generado ser humano, en la Cultura, a partir de sus malestares, ellos son: la metafísica (religión) el arte y la ciencia. Podríamos colocar siguiendo a Freud mismo esta demanda en el plano de la ilusión de un porvenir, siempre que la interpretásemos como tal, lo que desarticularía lo imposible, lo único, el amo, el todo que tiende a tomar la senda de los absolutismos y fanatismos, sobre lo que intercambiamos y profundizamos en el último Congreso de Fepal, en Río de Janeiro. 

¿Cómo valorar, elevando y sosteniendo firmemente a la vez ideales de construcción de políticas sociales justas, equitativas y solidarias entre mujeres y hombres, deconstruyendo el patriarcalismo absolutista, generando una escucha abierta y una visión no reduccionista desde el propio psicoanálisis? 

En este sentido se ha intercambiado en el OP respecto al campo de preguntas que se germinan con vitalidad respecto a la formación de psicoanalistas, hoy puntualmente en el Día de la Mujer en el mundo, sería pertinente que colocásemos nuestra herramienta técnica y el arte de la interpretación en torno a las sexualidades ¿podemos hoy anticipar, agrupar bajo una teoría las manifestaciones eróticas? 

• ¿Qué posición en la enunciación portaría el psicoanalista al interpretar? ¿podría reunir la vez la incerteza y los yerros, sin dejar de ser buena?Suficientemente buena.

• ¿Cómo formar psicoanalistas en el deseo, que apunta hacia la apertura, que habilite la plasticidad para bascular, vacilar y no cerrar el momento de formular una interpretación, -Kairós de los griegos-, calculando más o menos el contenido de la interpretación que lograse superar incluso la intención del autor? 

Al considerar los fenómenos sociales y culturales a través de esta mirada, podríamos pensar si es que los erotismos y las subjetividades se encuentran en mutación o si la transformación estaría en la apertura a generar las condiciones de posibilidad de su expresividad. La mutación la concebiríamos entonces en la expansión de las singularidades en el universo de los erotismos.

¡Que permanezca abierta la teoría psicoanalítica al acto de ser interpretada desde esta misma posición!

Celebro años de movilización de movimientos sociales de lucha, de conquistas y de un horizonte abierto de logros aún por obtener en el plano de la equidad de derechos y de posibilidades de las mujeres en todos los ámbitos.

Abrazo a los analistas latinoamericanos,

(Los textos publicados son responsabilidad de los autores)

Categoría: Política y Sociedad

Palabras claves: mujeres, movimientos-sociales, psicoanálisis, erotismos, interpretación

Imagen: Magdalena Filgueira Uruguay, Soledad Sosa, Uruguay, Gabriela Levi, Uruguay y San Pablo, Brasil,  Mariana Mantiñán, Uruguay, Samantha Nigri Río de Janeiro, Brasil, Carolina García, Uruguay. Algunas mujeres potentes da FEPAL – IPA.  Foto de Douglas.

Los ensayos del OP se publican en Facebook. Haz clic en el enlace a continuación para debatir el tema con los lectores de nuestra página: 

https://www.facebook.com/share/p/1A424Bu8rc/?mibextid=wwXIfr

Nuestra página en Instagram es @observatorio_psicanalitico

Y para ti, que eres miembro de la FEBRAPSI y te interesa la articulación del psicoanálisis con la cultura, inscríbete en el grupo de correos del OP para recibir nuestras publicaciones. Envía un mensaje a op.febrapsi@gmail.com

Tags: erotismos | interpretação | movimentos-social | mulheres | psicanálises
Share This