Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo
Um dia na vida de um representante latino-americano no Board
Monica Vorchheimer – APdeBA (Associação Psicanalítica de Buenos Aires)
O despertador toca. Cedo. Já tinha acordado antes. Desde as 6 já estou de pé. Os jornais já foram lidos. Os locais e os internacionais. Mesmo que na diagonal.
Chegou a pauta para a reunião online deste mês. Demorou demais. Por sorte, nós, representantes latino-americanos, já enchemos nosso grupo de WhatsApp com comentários e sugestões de olho no que está por vir. Estamos de acordo sobre os pontos a destacar. Os consensos fluem. As ideias se retroalimentam. Organizamos um pouco como iremos intervir. Discutir, elaborar estratégias. A esta altura, já sabemos quais de nossos colegas da América do Norte e da Europa têm uma visão mais alinhada à nossa. Pensamos em como nos convém argumentar. Já fizemos isso antes e tivemos muito sucesso, tanto quando quisemos aprovar uma iniciativa quanto quando quisemos rejeitar alguma outra. Assim é a política, a arte da negociação para alcançar compromissos.
Enquanto tomo o segundo mate (chimarrão), escrevo no grupo: não me parece que o que consta nas atas que precisamos aprovar esteja correto. É preciso enviar um pedido de correção da ata ao secretário do Board. Meus colegas concordam com a proposta. Faço isso antes do terceiro mate chimarrão e do toque da campainha do paciente. Deixo o celular na cozinha. Fundamental.
Na pausa seguinte do trabalho, verifico o celular. Uma nova rede de mensagens. Que sorte ter Sergio Nick no Excom. Tem sido como um curso intensivo sobre política e história institucional, abrindo caminhos para nós de maneira que nunca poderemos agradecer o suficiente. Ele esclarece alguns pontos em um “portunhol” que melhora a cada dia. Novos consensos. O dia de trabalho continua. Enquanto isso, o mundo segue dando sustos. O OP se enche de e-mails trocados em reação a um artigo recém-publicado. É interessante captar a diversidade de opiniões e o compromisso que se respira diante do que chamei de ‘os abalos das placas tectônicas das democracias’, que hoje parecem frágeis… Anoto um filme que me recomendaram. Talvez consiga assistir no fim de semana.
Sobressaltada, lembro que enviei aos presidentes das minhas sociedades um link com um resumo da última reunião do Board e não recebi nenhuma resposta além do cordial “obrigado”. Então, agora envio uma nova mensagem perguntando se têm algum tema ou preocupação que eu deveria transmitir na próxima reunião.
Minha caixa de entrada de e-mails recebe um lembrete sobre o webinar para o qual me inscrevi para domingo. Tinha esquecido completamente, mas, de qualquer forma, receberei a gravação. Vou assistir depois.
Enquanto almoço, confiro o e-mail enviado pela diretora financeira sobre aspectos do orçamento da IPA. Como faço parte dessa comissão, essa também é uma das minhas responsabilidades. A forma como a IPA decide a destinação de seus recursos financeiros é uma via privilegiada para obter uma visão geral da nossa organização. A gestão do dinheiro é polêmica; às vezes, parece arbitrária. Discutirei isso com meus colegas quando nos reunirmos no fim de semana, antes da reunião do Board. Analiso cada item, calculo percentuais. Faltam, claramente, discussões políticas sobre o orçamento. Levarei propostas de recomendações para a reunião. Não será fácil, mas trata-se de conduzir iniciativas sem desistir do processo. Não se conseguirá tudo de uma vez. A política também é a arte da perseverança.
Apresso-me para chegar à reunião da minha sociedade. É sexta-feira, dia do encontro do grupo de relações internacionais. Esse grupo foi criado há alguns anos como um espaço aberto para membros e analistas em formação, onde se discutem aspectos da política internacional da instituição, da IPA e da FEPAL. Uma espécie de berçário, onde muitos de nós que participamos das organizações internacionais aprendemos. Quando comento isso com colegas de outras sociedades, eles se surpreendem. Parece que poucas sociedades possuem um espaço assim, que para a minha APdeBA é fundamental.
Saio da reunião. Olho novamente a pauta da reunião do Board. Pergunto-me o que não está ali. Há propostas que foram levantadas e que demoram para aparecer nas agendas para serem debatidas. É preciso insistir. Converso com um, com outro. Busco orientação. Sugiro. Meus colegas já riem um pouco de mim por minhas insistências quase obsessivas.
Faltam apenas algumas semanas para viajar para a reunião presencial do Board. Serão dias muito intensos. Será preciso parar de trabalhar, deixar a casa organizada. A data não é boa. Penso no paciente X que não poderei atender enquanto estiver viajando. Isso me inquieta um pouco. Preciso comprar o presente de aniversário de Z, já que não estarei no dia da comemoração. Faço contas. O lucro cessante…
Abro o Google Maps. Sim, talvez haja tempo para algum passeio. Não é certo. Preciso deixar pronta a conferência que darei na volta. Não. Posso trabalhar durante o voo. Respiro. Penso no jet lag na volta. Será que estarei em condições de retornar ao trabalho se não tiver dormido?
Chego a tempo de tomar o lanche com meus netos. Brincamos, rimos, tiro fotos. Eles querem vir dormir em casa. Fico feliz. Os pais dizem que já vão sair. Quem sabe outro dia. Fico feliz.
A semana acaba. Acaba?
(Os textos publicados são de responsabilidade dos autores)
Categoria: Instituições psicanalíticas
Palavras-chave: política, board, instituição, representação
Imagem: representantes da América Latina no Board da IPA: Magdalena Filgueiras (APU, Uruguay), Mônica Vorchheimer (APdeBA, Argentina), Olga Santamaría (APM de México), Mariano Horenstein (APC Córdoba), Daniel Delouya (SBPSP), Margareta Argitay (Asobep Venezuela) y Sergio Nick (SBPRJ).
Os ensaios do OP são postados no Facebook. Clique no link abaixo para debater o assunto com os leitores da nossa página:
https://www.facebook.com/
Nossa página no Instagram é @observatorio_psicanalitico
E para você, que é membro da FEBRAPSI e se interessa pela articulação da psicanálise com a cultura, inscreva-se no grupo de e-mails do OP para receber nossas publicações. Envie mensagem para op.febrapsi@gmail.com
_______________________________________________________________
Trabalho original em espanhol
Observatorio Psicoanalítico OP 565/2025
Ensayos sobre acontecimientossociopolíticos, culturales e institucionales de Brasil y del Mundo
Un día en la vida de un representante latinoamericano en el Board
Monica Vorchheimer – APdeBA
Suena el despertador. Temprano. Yame había levantado antes. Desde las6 estoy arriba. Los diarios ya estánleídos. Los locales y losinternacionales. Aunque sea endiagonal.
Llegó la agenda para la reunión online de este mes. Se demoró demasiado. Por suerte, los representantes latinoamericanos ya hemos llenado nuestro grupo de WhatsApp con comentarios y sugerencias con miras a lo que vendría. Estamos de acuerdo en los puntos a resaltar. Los consensos fluyen. Las ideas se retroalimentan. Organizamos un poco cómo intervendremos. Discutir, armar estrategias. Sabemos a esta altura quiénes de nuestros compañeros de Norteamérica y Europa son más afines a nuestros puntos de vista. Pensamos cómo nos conviene argumentar. Ya lo hemos hecho antes y nos ha ido muy bien, tanto cuando quisimos que se apruebe alguna iniciativa como cuando quisimos rechazar alguna otra. Así es la política, el arte de la negociación para alcanzar compromisos.
Mientras tomo el segundo mate, escribo en el grupo: no me parece que lo que figura en las actas que deberemos aprobar sea correcto. Hay que mandar una enmienda al secretario del Board. Mis compañeros acuerdan con la propuesta. Lo hago antes del tercer mate y del timbre del paciente. Dejo el celular en la cocina. Fundamental.
En la siguiente pausa del trabajo reviso el teléfono. Una nueva red de mensajes. Una suerte tener a Sergio Nick en el Excom. Ha sido como un curso intensivo sobre política e historia institucional que nos ha allanado el camino de maneras nunca suficientemente agradecidas. Aclara algunos puntos en un portuñol que mejora a diario. Nuevos consensos. Sigue el día de trabajo. Mientras, el mundo sigue dando sustos. El OP se llena de correos de intercambio frente a un artículo que acaba de publicarse. Es interesante recoger la diversidad de opiniones y el compromiso que se respira ante lo que llamé los sacudones de las placas tectónicas de las democracias que hoy se sienten frágiles. Registro una película que recomiendan. Quizás el fin de semana pueda verla.
Sobresaltada, recuerdo que envié a los presidentes de mis sociedades link un resumen de la última reunión del Board y no tuve respuesta más que el cordial “gracias”. Mando entonces ahora un nuevo mensaje preguntándoles si tenían algún tema o inquietud que yo debiera transmitir en la próxima reunión.
Mi bandeja de entrada de correos recibe un recordatorio para el Webinar al que me había registrado para el domingo. Lo había olvidado completamente, pero igual recibiré la grabación. Lo veré en diferido.
Mientras almuerzo, chequeo el correo enviado por la directora financiera sobre aspectos del presupuesto de IPA. Como participo de dicha comisión esa es también una tarea que llevo adelante. El modo en que la IPA decide de qué forma dispone de los recursos económicos es una vía privilegiada para acceder a la foto de nuestra organización. El manejo del dinero es polémico; a veces parece arbitrario. Lo discutiré con mis compañeros cuando nos reunamos el fin de semana antes de la reunión del Board. Estudio cada rubro, saco porcentajes. Claramente faltan discusiones políticas acerca del presupuesto. Lo llevaré a la reunión con propuestas de recomendaciones. No será fácil, pero se trata de ir llevando iniciativas sin claudicar en el intento. No se logrará con una sola vez. La política es también el arte de la perseverancia.
Me apuro para llegar a la reunión de mi sociedad. Es viernes y toca la reunión del grupo para las relaciones internacionales. Es un grupo que se creó hace unos cuantos años, grupo abierto para miembros y analistas en formación donde se discuten aspectos de la política internacional de la institución, IPA y FEPAL. Una especie de semillero en el cual muchos de los que participamos de nuestras organizaciones internacionales hemos aprendido. Cuando lo comento con colegas de otras sociedades, se sorprenden. Parece que no muchas sociedades tienen un espacio así que, para mi sociedad, APdeBA, resulta fundamental.
Salgo de la reunión. Miro nuevamente la agenda de la reunión del Board. Me preguntoqué es lo que no está en ella. Hay propuestas que se han planteado que se demoran en aparecer en la discusión. Hay que insistir. Converso con uno, con otro. Me asesoro. Sugiero. Ya se ríen de mí un poco mis compañeros por mis insistencias casi obsesivas.
Faltan apenas algunas semanas para viajar a la reunión presencial del Board. Son días muy intensos. Habrá que dejar de trabajar, dejar la casa organizada. La fecha no es buena. Pienso en el paciente X al que no podré atender mientras esté de viaje. Me inquieta un poco. Tengo que dejar comprado el regalo de cumpleaños de Z porque no estaré para su festejo. Hago cuentas. El lucro cesante….
Miro Google Maps. Sí, quizás haya tiempo para algún paseo. No es seguro. Tengo que dejar preparada la conferencia que daré a mi regreso. No. Puedo trabajar durante el vuelo. Me relajo. Pienso en el jet lag a mi regreso. ¿Estaré en condiciones de empezar a trabajar si estoy mal dormida?
Llego a tomar la merienda con mis nietos. Jugamos, reímos, saco fotos. Quieren venir adormir a casa. Me alegro. Los padres dicen que se van afuera, que otro día. Me alegro.
Se acaba la semana. ¿Se acaba?
(Los textos publicados son responsabilidad de los autores)
Categoría: Instituciones psicoanalíticas
Palabras claves: política- board- institución- representante
Imagen: representantes de América Latina en el Consejo de la IPA: Magdalena Filgueiras (APU, Uruguay), Mônica Vorchheimer (APdeBA, Argentina), Olga Santamaría (APM de México), Mariano Horenstein (APC Córdoba), Daniel Delouya (SBPSP), Margareta Argitay (Asobep Venezuela
Los ensayos del OP se publican en Facebook. Haz clic en el enlace a continuación para debatir el tema con los lectores de nuestra página:
https://www.facebook.com/
Nuestra página en Instagram es @observatorio_psicanalitico
Y para ti, que eres miembro de la FEBRAPSI y te interesa la articulación del psicoanálisis con la cultura, inscríbete en el grupo de correos del OP para recibir nuestras publicaciones. Envía un mensaje a op.febrapsi@gmail.com