Observatório Psicanalítico OP 562/2025

Olá pessoal,

Segue a primeira publicação de ensaios de colegas candidatos a nos representar no Board da IPA. O ensaio é Olga Santa Maria Pombo, nossa colega da APM México, OP 562/2025, sobre o Fanatismo, Amae e o Sinistro em tempos turbulentos. Boa leitura a todos e todas.

——

Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo 

FANATISMO, AMAE E O SINISTRO EM TEMPOS TURBULENTOS

Olga Santa María Pombo – APM México

Inicio meu trabalho com três termos: fanatismo, amae e o sinistro, com a intenção de interrelacioná-los, pois formam uma única esfera sinérgica.

Começo com o fanatismo, conforme definido na Wikipédia: “Quando uma pessoa substitui sua consciência e deixa de funcionar como sujeito único em favor de uma ideologia ou crença, ela despoja o inimigo de sua condição humana. A obsessão de um fanático pode ser muito perigosa, pois ele não valoriza outras formas de pensar além da sua, podendo impor sua visão de maneira moderada ou violenta. Os obcecados por uma ideia confundem o que imaginam com a realidade.”

O fanatismo remete à consciência dividida, a um totalitarismo binário: branco/preto, amor/ódio, idealização/desvalorização, bem/mal, pobre/rico, adeptos/opositores – cheio de implicações polarizantes.

Sabemos, pelos ensinamentos de Melanie Klein, que o fanático não alcançou a posição depressiva; ele está instalado na posição esquizoparanóide, sem capacidade de integração na gama dos tons de cinza. O que o fanático busca está no caminho da perversão. Diz-se que a pior perversão é o abuso do poder—esse gozo perverso de ter poder sobre o outro, com fins pessoais de grandeza.

O fanatismo nos afeta e nos inunda em nosso mundo, como bem explica Winnicott ao falar sobre a mãe-ambiente e como o mundo externo pode ser facilitador ou obstrutor para um desenvolvimento suficientemente bom. Assim, o caos externo invade tanto o mundo interno quanto o externo.

As notícias violentas, as imagens ensanguentadas, os cadáveres de crianças nos inundam de angústias que tocam o sinistro. No fanatismo, perde-se a alteridade, pois não há diferenciação entre o eu e o não-eu; em outras palavras, a identidade é sequestrada.

Por outro lado, temos o conceito de amae (termo japonês incluído como uma entrada no IRED, o dicionário enciclopédico da IPA – Associação Psicanalítica Internacional). Amae, uma palavra de uso comum no Japão, deriva de amaeru e pode ser traduzida como “sabor doce”. Refere-se a um comportamento originado e perpetuado na infância, caracterizado por uma dependência que busca gratificação por meio de uma complacência/dependência emocional em relação ao outro, entrando em uma espiral em direção à neutralização das pulsões. 

O amae representa o “conhecido”, mas um conhecido sem alteridade, sem diferenciação do objeto. Trata-se de uma dependência da geisha – primeiramente da mãe e, posteriormente, de qualquer autoridade. É uma súplica por ser agradado a partir de uma proximidade familiar e íntima, reproduzindo-se em diversas relações de poder.

Essa definição se baseia no conceito de Takeo Doi (1971/73), posteriormente ampliado por Daniel Freeman (1998) dentro da corrente da psicologia do eu. Freeman afirmou que se trata de uma “regressão mútua e interativa a serviço do eu, que contribui para o crescimento e desenvolvimento intrapsíquico de ambos os participantes.” No entanto, ele ressalta que esse crescimento só ocorre quando se consegue transitar para a autonomia e a individuação, o que nem sempre é incentivado, pois pode ser conveniente para as figuras de autoridade manter um status de pseudo-conforto (Freeman, 1998, p. 47).

No IRED, explica-se como esse conceito não se limita apenas à cultura japonesa—embora seja culturalmente melhor ilustrado ali e, sobretudo, tenha um nome específico. Os editores do Japanese Dictionary of Psychoanalysis (Dicionário Japonês de Psicanálise – Okonogi, K.; Kitayama, O.; Ushijima, S.; Kano, R.; Kinugasa et al., 2002) também se baseiam na definição de Doi e destacam as complexidades dessa dependência emocional, originada na fase pré-verbal e contida nos fundamentos dinâmicos do amae.

Tanto S. Akhtar (2009) quanto Freeman (1998) descrevem o aspecto de reabastecimento emocional da função do amae, tomando como referência M. Mahler. Freeman, por exemplo, observa que o amae é um desejo temporário e intermitente, e demonstra isso ao enfatizar o benefício mútuo da interação amae.

Podemos levantar a hipótese de que, psicanaliticamente, o amae descreve uma luta instintiva/afetiva. Ele é ativado para receber amor, mas o faz de maneira passiva, buscando ser agradado e adotando a identidade e as ordens de quem as impõe, sem questionar os próprios desejos nem o custo emocional envolvido, tanto para si quanto para os outros.

Agora, o que o amae tem a ver com o sinistro? Doi propõe que o amae remete ao instinto de autoconservação presente na primeira teoria dos instintos de Freud e, portanto, o define como uma necessidade de dependência derivada dos instintos. Daí vem a universalidade psicanalítica do conceito.

Em termos clínicos, curiosamente, existe uma ligação entre o amae primitivo e o termo de Balint “regressão benigna”, assim como entre o “amae perturbado” e sua noção de “regressão maligna”.

Os conceitos de Klein sobre inveja (higami) e identificação projetiva (1957) podem ser entendidos como uma forma distorcida de amae, embora compartilhem o mesmo objeto com ele. Da mesma forma, os conceitos de “continente” e “conteúdo” de Bion, o “sustentação” de Winnicott, a “boa adaptação” de Hartmann e a “sintonia afetiva” de Stern refletem uma semelhança com o conceito de amae, ao mesmo tempo que exploram a dependência pré-adaptada da criança em relação aos pais. Isso é altamente relevante do ponto de vista clínico para compreender a matriz intersubjetiva da transferência-contratransferência no processo psicanalítico.

No resumo esquemático do desenvolvimento de Gertrude e Rubin Blank (1994), podemos ver que o amae surge no processo de neutralização da pulsão agressiva e serve para realizar o processo de separação-individuação. Justamente, essa vivência contraditória onde o estranho aparece como conhecido e o conhecido como estranho. É o rosto sinistro do familiar.

O amae é “o conhecido”, mas o conhecido sem alteridade, ou seja, sem a diferenciação já consolidada de eu/objeto, por essa dependência “à geisha”, primeiro da mãe e posteriormente de qualquer autoridade. Uma grande contradição: algo familiar, algo conhecido, que nos revisita tornando-se estranho, nos angustia, como se nos invadisse de estranheza no que é familiar, produzindo uma angústia semelhante ao terror sem nome. É o amae disfarçado, uma versão horripilante do conhecido.

É aqui que entra o sinistro, o uncanny, o unheimlich em qualquer uma das duas versões: a violenta e a passiva, o líder perverso e o seguidor sedento de pertencimento, onde se reativam angústias de estados afetivos primitivos, como um terror sem nome que detona as pulsões mais arcaicas.

Voltando ao fanatismo, estamos dependentes de decisões externas, de governos, ideologias, contágios virais fora de controle, impactos do cambio climático, exigências de corpos perfeitos, entre outras situações cotidianas que reativam o amae. A ambiguidade, a incerteza, semeiam o terreno do sinistro. É aqui que o Heimlich revisita o Un-Heimlich. Em outras palavras: o heimlich, que é o íntimo-caseiro-reprimido (como o amae), retorna da repressão em uma versão ominosa ou unheimlich, o que significa que não provém de casa, que está transferido em obediência cega, absoluta e sem questionamento ao que é estranho ou externo, sem qualquer alteridade.

O amae seria o heimlich, mas sempre há o outro lado da moeda, o uncanny, que pode se manifestar, por exemplo, reativado por um som, por um discurso autoritário… por uma palavra clichê, até por uma lembrança de um cheiro muito particular, como o cheiro de pessoas quando se está em meio às massas, nas manifestações, ou outros disparadores tão familiares quanto horripilantes.

Um exemplo no contexto do amae seria um evento, um lado da moeda cheio de carinho e delicadeza, como quando se vai tomar uma xícara de chá servida com complacência pela mulher no Japão, e de repente se reativa o outro lado da moeda e, a esse ser querido, às vezes, se submete, inclusive lançando-se sobre ele para se satisfazer sexualmente. Se nesse ato tão contraditório as xícaras de chá se quebrassem, por exemplo… haveria um som que se registra e fica impregnado e reprimido, que em contextos posteriores despertará a angústia do sinistro. Ou simplesmente, no futuro, ao se servir chá para si mesmo ou para outra pessoa, vem esse retorno do reprimido.

É o repentino, o que se apresenta sem aviso, o que deveria ter ficado oculto, o segredo, mas que de repente irrompe e, quando se manifesta no futuro, tal som ou atividade prazerosa que se revisita transformada em um ato que despertou horror. É assim que nos confrontamos com o uncanny, o unheimlich.

Os fantasmas ancestrais sempre nos revisitam e, no fanatismo, isso acontece assim: não há volta, uma vez envolvidos, não há saída, porque as ameaças são devastadoras, os exemplos horríveis de quem já retrocede em continuar sendo adepto, reativam o terror sem nome. Uma vez seguidor, sempre seguidor, ou serás traidor e aniquilado. O mesmo acontece com o narcotráfico: quem entra permanece ou sai sem vida. A traição se paga não apenas com a própria vida, mas com a dos familiares mais próximos, o que mais dói.

Se perguntássemos, o que mais tememos? O que está escondido dentro de nós e projetamos. Isso fica tão claro na infância: o terror aos palhaços sem entender o porquê, a certos disfarces ou bonecos, medo ou desgosto das crianças aos festejos de Halloween ou Dia dos Mortos, embora recebam doces, algo sinistro se reativa, às vezes o temor às pinhatas, que lembram golpes e/ou a pressão dos colegas para participar. São gatilhos às vezes de lembranças amargas com embalagens doces, algumas graves, como situações próximas ao abuso, à submissão ameaçadora, a um pai alcoólatra ou uma mãe violenta, à extrema pobreza… ou a um sem fim de momentos aterradores que nos encheram de impotência. Às vezes revisitamos nosso mundo infantil com essa sensação de ter vivido algo muito familiar, agora reativado com sensações horripilantes.

Se lembrarmos do Conto do Homem da Areia de E. T. A. Hoffmann, citado por Freud, podemos entender melhor o que foi relatado anteriormente. Esse homem da areia, em um conto atraente, até desejado, disfarçado de relatos de ternura que induzem e seduzem a criança, e de repente se transforma em um perseguidor de crianças que não querem ir para a cama; que joga areia nos olhos delas e depois as assalta, colocando-as em sua bolsa para levá-las. Esse homem da areia, no início, é a doçura, assim se apresenta, é o amae, antes do horror que vem a seguir. Isso resulta em uma metáfora edipiana da castração (reativa angústias de castração).

Mencionei no início, ao falar sobre o fanatismo, a condição de uma consciência dividida. Ela existe, porque nesse gozo perverso de notícias e imagens ensanguentadas, cadáveres, explosões de bombas, se exemplifica. É um terror sem nome, porque existe, aparece numa tela ou em um jornal ou nas redes sociais, mas não se vive na presença e a todo colorido na carne própria, e se escinde e justifica. É figurado a partir das nossas angústias de castração, acentuado pela falta de alteridade, ou seja, a partir do amae.

Nem o “Coco” de que nossas avós ou babás nos contavam, nem o homem da areia, nem personagens de filmes, como Drácula, nem palhaços, nos deixam o registro do sabor inicialmente doce: amaeru. E é justamente aí, onde os filmes de terror se baseiam nessa premissa. Drácula aterroriza porque é igual a qualquer outro ser humano, mas ao mesmo tempo é completamente diferente, e isso também atrai. O sinistro se instala quando ocorre essa terrível transformação em que um conde elegante termina se tornando um monstro abominável. Se Drácula fosse vampiro o tempo todo, também teríamos medo dele, mas de uma maneira diferente: não seria um ser sinistro. Poderíamos nos afastar dele, reclusá-lo ou tirá-lo do nosso campo visual. Mas, como ele é e não é, terminamos sendo vítimas da ambiguidade de seu ser e entramos no terreno do sinistro.

Como bem diz Eugenio Tría: “O sinistro constitui condição e limite do Belo: deve estar presente sob forma de ausência, deve ser desvelado. Não pode ser desvelado.”

O ominoso tem muito a ver com o que os governos extremos, as ditaduras, as guerras sem sentido, também com o que as pandemias e o cambio climático desataram. São muitas as pessoas que, durante essa etapa, experimentaram uma angústia infantil que parecia esquecida. A embalagem do confinamento, de correr para um bunker, se asilar ou se forçar a emigrar, perder o lar, a separação das famílias, esse perigo do exterior, o que contamina e adoece, histórias e notícias vistas que atraem (porque as ouvimos e as buscamos e as repetimos, contando-as uma e outra vez) e ao mesmo tempo nos repelem e nos horrorizam. Esse sentimento de vulnerabilidade, diante de uma força superior, nos revisita.

É como estar em modo amae/sinistro. Aparece diante do incerto. Winnicott nos falava do medo do colapso e Bion do terror sem nome, ambos são visitas ao sinistro. A ambiguidade, a incerteza, é o terreno do sinistro, e seguimos o líder que nos adoça e seduz com promessas que nunca se cumprirão, mas o que seduz é a pseudo-pertença identitária. O mundo em que nos movíamos agora está cheio de perigos invisíveis, o que era familiar se torna estranho. E é uma estranheza muito inquietante.

Em outro plano muito distinto e tomando como base o que R. Cassorla (2019) falou sobre o fanatismo, especificamente no esporte, como em equipes de futebol de um mesmo país e relacionando isso com rivais fraternas levadas ao extremo, posso lembrar o mais desgarrador e infeliz jogo da história do fanatismo no futebol. Esse foi o caso de um jogador colombiano, Andrés Escobar, que, na Copa do Mundo de 1994, ao enfrentar a seleção da Colômbia contra os Estados Unidos, em uma tentativa frustrada de desviar a bola de um jogador adversário, fez um gol contra, levando sua equipe à derrota. Esse gol custou-lhe a vida nas mãos de um fanático extremo que o assassinou dias depois e deixou uma nota dizendo que ele mereceu a morte por esse gol contra imperdoável. Vale mencionar que, alguns dias antes do gol contra ele havia sido elogiado por seus torcedores pela sua participação na partida Colômbia-Argentina, que terminou com uma vitória para a Colômbia de 5 a 0. Um dia ele foi elogiado/venerado, e no outro odiado/rejeitado/destruído, uma figura a ser seguida com fanatismo versus uma figura a ser odiada até o aniquilamento fanático. Hoje, Andrés Escobar é conhecido como o Cavaleiro do Futebol e para muitos jogadores, sua memória reacendeu o sinistro em vários momentos do jogo.

Isso me lembra a regressão maligna e benigna de que fala M. Balint.

Todos nós temos certo grau de fanatismo, até mesmo em nossa prática teórica e clínica. Somos defensores das nossas crenças e nem sempre com alteridade. Somos fãs da psicanálise e frequentemente podemos cair em dogmatismos. Daí, ninguém está isento ou livre, em diferentes graus, do fanatismo atenuado. Na luta instinto/repressão, haverá momentos de regressões benignas.

Se analisarmos esta palavra recém-mencionada: fan, ela vem de fanático, mas de forma abreviada, como são os seguidores, os influencers, até os “swifties”, os ativistas do clima e do feminismo. O adolescente, em sua busca identitária e imerso no virtual e cibernético, estará vulnerável a um sentido de pertencimento e a uma regressão benigna, nesse caminho rumo à autodefinição. Vale mencionar que alguns desses fenômenos estão exacerbados e atravessados pelo capitalismo, que aumenta o consumismo por meio do número de seguidores, entradas para eventos musicais, coletas e outros. O grande tema do adolescente é a identidade, que o envolve em uma busca de pertencimento, mas há uma linha tênue quando a ambivalência passional de uma regressão maligna se aproxima da contraparte amigo/inimigo, e é quando um fã chega a ser assediado. A admiração pode se carregar de inveja, e ao não poder ser como o admirado, é preciso destruí-lo, passando do terreno do fã ao fanatismo, da regressão benigna à maligna.

O que nos salva do fanatismo? Existe um antídoto? Há outra maneira de viver nossas paixões e convicções? A psicanálise tem algo a dizer? Eu diria que a resposta está na alteridade, que nos permite ser criativos e continuar com nossa vida psíquica, mesmo que o externo se oponha ou se detenha. Conseguir transitar para a posição depressiva, integrando o escindido/polarizado. O que resulta ameaçador está fora de nosso controle e, em um contexto de individuação e de reabastecimento, à maneira de Mahler, fora do amae, sem um cenário sinistro, podemos permanecer. 

O trabalho analítico continua sendo uma necessidade básica do ser. Como dizia Winnicott, “seguir sendo” ou “going on being”, apenas na alteridade, sem que o ominoso, ou o amae, nos paralise ou o fanatismo nos prenda.

Bibliografia

Akhtar, S. (2009). Comprehensive Dictionary of Psychoanalysis (p. 12). Ed. Routledge, Londres, 2009.

Balint, M. (1979). La Falta Básica. Aspectos técnicos de la regresión. Ed. Paidós, Barcelona, Buenos Aires, México.

Cassorla, R. (2019). Fanatismo: Reflexiones a partir de fenómenos del campo analítico. International Journal of Psychoanalysis, 100(6), 1338-1357.

Doi, T. (1973). The Anatomy of Dependence. Kodansha International, Tóquio (Tradução em inglês).

Freeman, D. (1998). Emotional Refueling in Development, Mythology, and Cosmology: the Japanese Separation-Individuation Experience. In: Akhtar, S. & Kramer, S. (Eds.), The Colors of Childhood: Separation-Individuation across Cultural, Racial, and Ethnic Differences. Northvale, NJ: Jason Aronson.

IRED Diccionario Interregional Enciclopédico de la API.

Wikipedia: La enciclopedia libre. Proyectos Wikimedia. Dados: Q489750. Citas célebres: Fanatismo. Identificadores BNF: 11936567k (data), LCCN: sh85047091.

Rubin, B. & G. (1994). Ego Psychology Theory and Practice. Columbia Univ Press, 1994.

Winnicott, D. W. (1965). The Maturational Process and the Facilitating Environment. New York: International University Press.

(Os textos publicados são de responsabilidade dos autores)

Categoria: Política e Sociedade; Cultura; Instituições psicanalíticas 

Palavras-chave: Fanatismo, Amae, A consciência sinistra e dividida, fantasmas ancestrais

 

Imagem: produzida pela IA

Os ensaios do OP são postados no Facebook. Clique no link abaixo para debater o assunto com os leitores da nossa página: 

 https://www.facebook.com/share/p/15z96SuUgf/?mibextid=wwXIfr

Nossa página no Instagram é @observatorio_psicanalitico

_________________________________________________________________________________

Texto original em espanhol

Observatorio Psicoanalítico OP 562/2025

Ensayos sobre acontecimientos sociopolíticos, culturales e institucionales de Brasil y del Mundo

FANATISMO, AMAE Y LO SINIESTRO EN TIEMPOS TURBULENTOS

Olga Santa María Pombo – APM México

Inicio mi trabajo con tres términos: fanatismo, amae y lo siniestro; con la intención de interrelacionarlos porque forman una sola esfera sinérgica. 

Empiezo con fanatismo como lo definen en Wikipedia: “Cuando una persona sustituye su conciencia y deja de funcionar como sujeto único, por una ideología o creencia, despoja al enemigo de su condición humana. La obsesión de un fanático puede ser muy peligrosa ya que no se valoran otras formas de pensar que no sea la suya y eso puede arreglarlo de manera moderada o violenta. Los obsesos de una idea confunden lo que imaginan con la realidad.”

El fanatismo refiere a la consciencia dividida, a un totalitarismo binario: blanco/negro amor/odio, idealización/devaluación, bien/mal, pobre/rico, adeptos/contras, lleno de implicaciones polarizantes. 

Sabemos por las enseñanzas de M. Klein que el fanatismo no ha llegado a la posición depresiva, está instalada en la posición esquizo paranoide, sin capacidad de integración en la gama de los grises. Lo que persigue el fanático está en el camino de la perversión. Se dice que la peor perversión es el abuso del poder, ese goce perverso de tener el poder sobre el otro, con fines personales de grandeza. 

El fanatismo nos afecta y nos inunda en nuestro mundo a todos, como bien lo explica Winnicott, cuando nos habla de la madre ambiente y como el mundo externo resulta facilitador u obstructor hacia un desarrollo suficientemente bueno. Es así, como lo externo en caos invade el mundo tanto interno como externo. 

Las noticias violentas, las imágenes ensangrentadas, los cadáveres de niños, nos inundan de angustias que tocan lo siniestro. Se pierde la alteridad en el fanatismo, al no diferenciar el yo del no-yo, en otras palabras, se secuestra la identidad.

En contraparte tenemos el concepto del amae (termino japonés incluido como una entrada en el IRED, diccionario enciclopédico de la API: Asociación Psicoanalítica Internacional). El amae, palabra de uso común en Japón, viene de la palabra amaeru y se traduce como sabor dulce, que se aplica a un comportamiento originado y perpetuado en lo infantil, dependiente, que busca gratificación a modo de una complacencia/dependencia emocional hacia el otro en un espiral hacia un proceso de neutralización de las pulsiones. 

El amae es lo “conocido” pero lo conocido sin alteridad, sin diferenciación del objeto. Es una dependencia a la geisha primero de la madre y después hacia cualquier autoridad. Es una súplica de ser complacido desde una cercanía familiar e íntima que se reproduce en una variedad de relaciones de poder. 

Esta definición se basa en el término de Takeo Doi (1971/73) que, a su vez, Daniel Freeman (1998) amplió desde la corriente de la psicología del yo, cuando afirmó que se trata de una “regresión mutua e interactiva al servicio del yo, que contribuye al crecimiento y desarrollo intrapsíquico de ambos participantes.” Explicando crecimiento solo cuando se logra transitar hacia la autonomía e individuación, cuestión que no siempre se fomenta por convenir a las figuras de autoridad un status de pseudo-confort (Freeman, 1998, p. 47). 

En el IRED se logra explicar cómo este concepto no se limita solo a la cultura japonesa, solo se ilustra culturalmente mejor y sobre todo, tiene un nombre. Los editores del Japanese Dictionary of Psychoanalysis (Diccionario japonés del psicoanálisis: Okonogi, K. Kitayama, O: Ushijima, S, Kano, R Kinugasa et al, 2002) también se basan en la definición de Doi y señalan las complejidades de esta dependencia emocional originada en la fase pre-verbal contenida en los fundamentos dinámicos del amae. 

Tanto S. Akhtar (2009) como Freeman (1998) describen el aspecto de reabastecimiento emocional tomado de M. Mahler, de la función del amae. Freeman, por ejemplo, observa que amae es un deseo temporal e intermitente, y lo prueba haciendo hincapié en el beneficio mutuo de la interacción amae. 

Podríamos plantear la hipótesis de que, psicoanalíticamente, amae describe una lucha instintiva/afectiva. Se activa para recibir el amor, pero lo hace pasivamente, para ser complacido, adoptando la identidad y las órdenes de quien las proporcione, sin cuestionar los deseos propios ni el costo emocional implicado ni para ellos ni para otros.  

Ahora, ¿qué tiene que ver el amae con lo siniestro? Doi propone que amae hace referencia al instinto de auto conservación que encontramos en la primera teoría del instinto de Freud y, por tanto, define amae como una necesidad de dependencia derivada de los instintos, de ahí, la universalidad psicoanalítica del concepto.

En términos clínicos, curiosamente, existe un vínculo entre el amae primitivo y el término de Balint de “regresión benigna”, y entre el “amae perturbado” y su término “regresión maligna”. 

Los conceptos de Klein de envidia (higami) e identificación proyectiva (1957) pueden entenderse como un amae distorsionado, aunque compartan el mismo objeto con él. Asimismo, los conceptos de “continente” y “contenido” de Bion, y el de “sostenimiento” de Winnicott, la “buena adaptación” de Hartmann y la “sintonía afectiva” de Stern, reflejan una similitud con el concepto de amae, al mismo tiempo que reflexionan sobre la dependencia pre-adaptada del niño hacia sus padres, muy relevante clínicamente para entender la matriz intersubjetiva de la transferencia-contratransferencia dentro del proceso psicoanalítico.

En el resumen esquemático del desarrollo de Gertrude y Rubin Blank (1994), podemos ver que amae surge en el proceso de neutralización de la pulsión agresiva y sirve para realizar el proceso de separación-individuación. Justamente, esa vivencia contradictoria donde lo extraño aparece como conocido y lo conocido como extraño. Es el rostro siniestro de lo familiar.

El amae es “lo conocido”, pero lo conocido sin alteridad, es decir sin la diferenciación ya consolidada yo/objeto, por esa dependencia “a la geisha” primero de la madre y posteriormente de cualquier autoridad. Gran contradicción, algo familiar, algo conocido, que nos revisita tornándose extraño, nos angustia, como invadiéndonos de ajenidad en lo familiar y produciendo la angustia semejante al terror sin nombre. Es el amae disfrazado, una versión horripilante de lo conocido.

Es aquí, donde entra lo siniestro, lo uncanny, lo unhemlich en cualquiera de las dos versiones: la violenta y la pasiva, el lider perverso y la del seguidor con sed de pertenencia, donde se reactivan angustias de estados afectivos primitivos, como un terror sin nombre que detona las pulsiones más, arcaicas. 

Volviendo al fanatismo, estamos dependientes de decisiones externas, de gobiernos, ideologías, contagios virales fuera de control, afectaciones por el cambio climático, exigencias de cuerpos perfectos entre otras situaciones cotidianas que reactivan el amae. La ambigüedad, la incertidumbre siembran el terreno de lo siniestro. Es aquí donde lo Heimlich revisita lo Un- Heimlich. En otras palabras:  lo heimlich que es lo íntimo-hogareño-reprimido (como el amae), y este retorna de la represión en versión ominosa o unheimlich, que significa que no proviene de casa, que está transferido en obediencia ciega, absoluta y sin cuestionamiento a lo ajeno o externo sin alteridad ninguna.

Amae sería lo heimlich, pero siempre está el otro lado de la moneda, lo uncanny, que puede dar se, por ejemplo, reactivado por un sonido, por un discurso autoritario… por una palabra cliché, hasta por un recuerdo de un olor muy particular, como el olor a gente cuando se está en las masas, en las manifestaciones, u otros disparadores tan familiares como horripilantes. 

Un ejemplo en el contexto amae, sería un evento, un lado de la moneda lleno de cariño y delicadeza, como cuando se va a tomar una taza de té servida con complacencia por la mujer en Japón y repentinamente se re-activa la otra cara de la moneda y a ese ser querido, se le somete, en ocasiones, inclusive se le lanza encima el hombre a satisfacerse sexualmente. Si en ese acto tan contradictorio, se rompiesen las tazas del té, por ejemplo…. habrá un ruido que se registra y se queda impregnado y reprimido, que, en contextos posteriores, despertará en la angustia de lo siniestro. O simplemente en un futuro al estarse sirviendo a sí mismo o a otra persona un té, viene ese retorno de lo reprimido. 

Es lo repentino, lo que se presenta sin aviso, que debería haber quedado oculto, lo secreto, pero que de pronto irrumpe y cuando se manifiesta en un futuro tal ruido, o actividad placentera que se re-visita transformado en un acto que despertó horror. Es así como nos enfrentamos con lo uncanny, lo unheimlich.

Los fantasmas ancestrales siempre nos re-visitan y en el fanatismo así pasa: no hay para atrás, una vez involucrados no hay salida, porque las amenazas son desgarradoras, los ejemplos horríficos de quienes ya retroceden en seguir siendo adeptos, reactivan el terror sin nombre. Una vez seguidor, siempre seguidor o serás traidor y aniquilado. Lo mismo que pasa con el narcotráfico, el que entra permanece o sale sin vida. La traición se paga no solo con la vida propia, sino con la de los familiares más cercanos, lo que más duele.

Si dijéramos, ¿Qué es a lo que más le tememos? A lo escondido adentro de nosotros que proyectamos. Se ve tan claro en lo infantil: el terror a los payasos sin entender por qué, a ciertos disfraces o muñecos, miedo o disgusto de los pequeños a los festejos de Halloween o día de muertos, aunque reciben dulces, algo siniestro se reactiva, a veces temor a las piñatas, que recuerdan golpes y/o la presión de los compañeros a entrarle. Son detonadores a veces de recuerdos agrios con envolturas dulces, algunas graves como situaciones cercanas al abuso, a la sumisión amenazante, a un padre alcohólico o una madre violenta, a la extrema pobreza…o a un sin fin de momentos aterradores que nos llenaron de impotencia. A veces revisitamos nuestro mundo de niños con esa sensación de haber vivido algo muy familiar, ahora reactivado con sensaciones horripilantes. 

Si recordamos el Cuento de Hoffman (de Freud) podemos entender más lo anteriormente relatado. Ese hombre de arena, en un cuento atractivo, hasta anhelado, disfrazado de relatos de ternura que inducen y seducen al infante y de repente se convierte en un perseguidor de niños que no se quieren ir a la cama; que les tira arena a los ojos y después los asalta y los mete en su bolsa para llevárselos. Ese hombre de arena al inicio es la dulzura, así se presenta, es el amae, antes del horror que le sigue. Resulta en una metáfora edípica de la castración (reactivas angustias de castración).

Mencioné al inicio al hablar de fanatismo la condición de una consciencia dividida. La hay, porque en ese gozo perverso de noticias e imágenes ensangrentados, cadáveres, explosión de bombas, se ejemplifica. Es un terror sin nombre, porque existe, se ve en una pantalla o en un periódico o en redes sociales, pero no se vive en presencia y a todo coloren carne propia y se escinde y justifica. Es figurado desde nuestras angustias de castración, acentuado desde la falta de alteridad o sea desde el amae.  

Ni el Coco del que nos contaban cuentos las abuelas o las nanas, ni el hombre de arena, ni personajes de películas, como Drácula, ni payasos, nos dejan el registro del sabor inicialmente dulce: amaeru. Y es justo ahí, donde las películas de horror se basan en esa premisa. Drácula aterra porque es igual a cualquier otro ser humano, pero al mismo tiempo es completamente diferente, y eso también atrae. Lo siniestro se instala cuando ocurre esa terrible transformación en la que un conde elegante termina convirtiéndose en un monstruo abominable. Si Drácula fuera vampiro todo el tiempo, también le temeríamos, pero de una manera diferente: no sería un ser siniestro. Podríamos apartarnos de él, recluirlo o sacarlo de nuestro campo visual. Pero, como es y no es, terminamos siendo víctimas de la ambigüedad de su ser y entramos en el terreno de lo siniestro. 

Como bien dice Eugenio Tría “Lo siniestro constituye condición y límite de lo Bello: debe estar presente bajo forma de ausencia, debe de ser develado. No puede ser desvelado.”

Lo ominoso tiene mucho que ver con lo que los gobiernos extremos, las dictaduras, las guerras sin sentido, también con lo que las pandemias y el cambio climático han desatado. Son muchas las personas que durante esta etapa han experimentado una angustia infantil que parecía olvidada. La envoltura del encierro, de correr a un bunker, asilarse o obligarse a emigrar, perder el hogar, separación de las familias, ese peligro del afuera, lo que contamina y enferma, historias y noticias vistas que atraen (porque las oímos y las buscamos y las repetimos contándolas una y otra vez) y al mismo tiempo nos repelen y horrorizan. Ese sentirse vulnerable, ante una fuerza superior, nos revisita.  

Es como estar en modo amae/siniestro. Aparece ante lo incierto. Winnicott, nos hablaba del miedo al derrumbe y Bion del terror sin nombre, ambas son visitas a lo siniestro. La ambigüedad, la incertidumbre es el terreno de lo siniestro y seguimos al lider que nos endulza y seduce de promesas que nunca se cumplirán, pero lo que seduce es la pseudo-pertenencia identitaria. El mundo en que nos movíamos está lleno de peligros invisibles ahora, lo que era familiar se torna extraño. Y es una extrañeza muy inquietante.

En otro plano muy distinto y tomando un aspecto de lo que R. Cassorla (2019) ha hablado del fanatismo, específicamente en el deporte como en los equipos de futbol de un mismo país y relacionándolo con las rivales fraternas llevadas a un extremo, puedo recordar el más desgarrador y desgraciado partido de la historia del fanatismo del futbol soccer. Este fue el caso de un futbolista colombiano, Andrés Escobar, quien, en el Mundial de Futbol de 1994 al enfrentarse el equipo de Colombia contra la selección de Estados Unidos, en un intento fallido de desviar a un jugador de centro, metió un auto-gol, llevando al equipo a la derrota. Ese gol le costó la vida a manos de un fanático extremo que lo asesinó días después y quien dejó una nota diciéndole que se ganó la muerte con ese imperdonable auto-gol. Vale mencionar que unos días antes del auto-gol, había sido alabado por sus hinchas por su participación en el partido Colombia-Argentina con una victoria para Colombia de 5-0. Un día fue alabado/venerado y el otro odiado/repudiado/destruido, figura a seguir con fanatismo versus figura a odiar hasta el aniquilamiento fanático. Hoy se le conoce a Andrés Escobar como el Caballero del Futbol y a muchos jugadores les reactívalo siniestro en muchos momentos del juego.

Esto me recuerda la regresión maligna y benigna de la que habla M. Balint. 

Todos tenemos cierto grado de fanatismo, hasta en nuestra práctica teórica y clínica. Somos defensores de nuestras creencias y no siempre con otredad. Somos fans del psicoanálisis y con frecuencia podemos caer en dogmatismos. De aquí que nadie está exento ni libre en diferentes medidas de lo fanático atenuado. En la lucha instinto/represión habrá momentos de regresiones benignas. 

Si analizamos esta palabra recién mencionada: fan, viene de fanático, pero en poquito, en abreviado como serían, los seguidores, los influencers, hasta los “swifties”, los activistas del cambio climático y del feminismo. El adolescente en su busque da identitaria y sumergido en lo virtual y cibernético estará vulnerable a un sentido de pertenencia y de regresión benigna, en ese camino hacia la auto-definición. Vale mencionar que algunos de estos fenómenos están exacerbados y atravesados por el capitalismo que aumenta el consumismo en su número de seguidores, entradas a eventos musicales, colectas y otros. El gran tema del adolescente es la identidad que lo involucra en una búsqueda de pertenencia, pero hay una linea delgada cuando la ambivalencia pasional de regresión maligna que raya en la contraparte amigo/enemigo y es cuando un fan llega a ser acosado. La admiración puede cargarse de envidia y al no poder ser como el admirado hay que destruirlo, pasando del terreno del fan al fanatismo, de la regresión benigna a la maligna.

¿Que nos salva del fanatismo? ¿Hay un antídoto? ¿Hay otra manera de vivir nuestras pasiones y convicciones?  ¿El psicoanálisis tiene algo que decir? Yo diría que la respuesta está en la alteridad, que nos permite ser creativos y continuar con nuestra vida psíquica, aunque lo externo se oponga o se detenga. Lograr transitar a la posición depresiva, integrando lo escindido/polarizado. Lo que resulta amenazante está fuera de nuestro control y en un contexto de individuación y de reabastecimiento, a la Mahler, fuera del amae, sin un escenario siniestro, podemos permanecer. 

El trabajo analítico sigue vigente como una necesidad básica del ser. Como decía Winnicott “seguir siendo” o “going on being” solo en alteridad, sin que lo ominoso, o el amae nos paralice ni el fanatismo nos atrape.

Bibliografia

Akhtar, S. (2009) Comprehensive Dictionary of Psychoanalysis Pg. 12. Ed Routledge London 2009

Balint, M. (1979) La Falta Básica. Aspectos técnicos de la regresión. Ed. Paidós. Barcelona, Buenos Aires, México 

Cassorla. R. (2019) Fanatismo: Reflexiones a partir de fenómenos del campo analítico. International Journal of Psychoanalysis 100:6, Pg.. 1338-1357

Doi, T (1973). The Anatomy of Dependence. Kodansha International, Tokyo (English Translation)

Freeman, D. (1998). Emotional Refueling in development, mythology, and

cosmology: the Japanese separation-individuation experience. In: Akhtar, S and Kramer, S. (eds), The Colors of Childhood: Separation Individuation across Cultural,

Ratial and Ethnic Differences. Northvale, NJ: Jason Aronson.

IRED Diccionario Interregional Enciclopédico de la API

Wikipedia: La enciclopedia libre. Proyectos Wikimedia. Datos: Q489750 Citas célebres: Fanatismo. 

Identificadores BNF: 11936567k (data)LCCN: sh85047091

Rubin, B y G (1994) Ego psychology theory and Practice; Columbia Univ Press 1994

Winnicott, DW (1965). The Maturational Process and the Facilitating Environment.

New York: International University Press.

(Los textos publicados son responsabilidad de los autores)

Categoría: Política y Sociedad; Cultura; Instituciones psicoanalíticas

Palabras claves: Fanatismo, Amae, Lo siniestro, consciencia dividida, fantasmas ancestrales 

Imagen: Imagen producida por la IA.

Los ensayos del OP se publican en Facebook. Haz clic en el enlace a continuación para debatir el tema con los lectores de nuestra página: 

https://www.facebook.com/share/p/15z96SuUgf/?mibextid=wwXIfr

Nuestra página en Instagram es @observatorio_psicanalitico

Tags: A consciência sinistra e dividida | Amae | fanatismo | fantasmas ancestrais
Share This