Observatório Psicanalítico OP 539/2024 

Olá pessoas queridas,

Virginia Ungar nos enviou o texto apresentado por ela na mesa em que estava com o Cláudio. Os dois textos, portanto, apresentam o mesmo título: o nome da mesa. Abraços, equipe de Curadoria.. e boa leitura

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Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo

Entre o dogmatismo, a tradição e a abertura nas instituições psicanalíticas*

Virginia Ungar – APdeBA

Do ponto de vista pessoal, eu me formei como parte do primeiro grupo de analistas em formação da APdeBA, recém-fundada, e como ocorre em momentos iniciais, em um clima muito ligado às tradições europeias quanto a regulamentações e conteúdos dos seminários.  Isso foi mudando ao longo dos anos, mas devo dizer que, embora tenha havido várias mudanças, elas ocorreram com base em permanências tão caras ao pensamento psicanalítico.  

É Bion quem, em seu livro Transformações (1963), nos fala sobre invariâncias e transformações e define as invariantes como os “elementos que intervêm para formar o aspecto inalterado da transformação”. Assim como para um artista as invariantes para representar a realidade mudam de acordo com sua técnica e produzem transformações diferentes, os analistas interpretarão de maneira diferente um mesmo material clínico ao hierarquizar diferentes invariantes de acordo com o modelo da mente que sustenta sua prática. 

Transformações e invariantes aparecem como termos de um par. Não pode haver mudança sem uma base de persistência, assim como em toda transformação veremos a marca da invariante, do inalterado. Os analistas sabem disso porque, para que a transferência se desenvolva, para que a neurose de transferência se desdobre, é condição o enquadramento analítico estabelecido. Afinal de contas, transferência-contratransferência e enquadramento internalizado não são algumas das invariantes ou permanências?  

Com isso, não dizemos que esses conceitos não possam sofrer variações; permanência não é imutabilidade, é constância, persistência, uma base sobre a qual a mudança terá sentido e poderá ser percebida.  

Agora vamos à tradição, que nos faz pensar sobre os legados, na transmissão e na herança. 

Freud encerra em 1938 seu “Esquema de Psicanálise” (1938) com uma citação de Fausto de Goethe que já havia utilizado anteriormente em 1912: “O que herdaste de teus pais, adquire-o para possuí-lo” ou “aceite-o e faça-o seu”. Minha leitura desta citação é que Freud nos desafia: que tomemos tanto sua obra quanto a dos autores que o seguiram como uma rede que nos sustenta, mas que não deve nos aprisionar, e sim constituir um terreno a partir do qual novos achados possam surgir. Essas novidades não vão complementar, mas suplementar as teorias preexistentes. Para que isso ocorra, o “herdado”, a “tradição” que nos é legada nos interpela a fazer um trabalho pessoal para nos apropriar do que está ali.  

Então, será o trabalho sobre o que é herdado a marca pessoal com que cada um consegue “fazer seu” o que lhe foi dado, o que constituirá uma tensão entre a tradição e o novo. Se conseguimos algo disso, em vez de oposições estéreis entre escolas psicanalíticas, poderemos fazer um trabalho sobre as diferenças que não dará lugar ao tentador ecletismo nem a uma adesão confortável. 

Essa adesão que chamo de confortável pode evoluir facilmente para uma situação polarizada e entrar no terreno do dogmatismo, o que pode ser estudado sob o ponto de vista da religião, da filosofia e hoje também tentaremos pensá-lo no terreno das instituições.  

Vou me referir brevemente aos dois primeiros campos. Na religião, foi no concílio de Trento (1545-1563) que a palavra “dogma” recebeu o significado com o que atualmente é usada no âmbito religioso: dogmas são aquelas verdades diretamente reveladas por Deus e reconhecidas por uma Igreja, as quais constituem objeto obrigatório de fé para os fiéis da mesma.  

Na teoria do conhecimento, entende-se como a posição do realismo ingênuo que só podemos conhecer aquilo com o qual temos um trato diário e direto. Outra maneira de ver isso é baseada na confiança absoluta em um órgão de conhecimento como a razão. A partir de Kant, o dogmatismo é o procedimento dogmático da razão pura sem uma crítica prévia de seu próprio poder. (1979)  

Com essa breve e, por certo, incompleta base, podemos tentar nos centrar no funcionamento institucional.  

Se observamos o decurso da vida de uma instituição, podemos situar o dogmatismo em sua própria origem. 

As mães e os pais fundantes inscrevem uma palavra divina (dogmatismo religioso) que pode se referir a modos de comportamento, ações concretas, linguagens internas e/ou externas, vínculos com a sociedade, possibilidades políticas e formas de planejamento. Isso também fica inscrito nos chamados regulamentos ou regulações.

O dogmatismo das religiões não é questionado. Nas instituições civis (ou públicas), o dogmatismo pode aparecer com uma força muito poderosa para sustentar o status quo. Com isso, consegue-se evitar o aggiornamento, ocultar os pontos de inconsistência e anular qualquer processo de transformação, e assim manter o poder secular de quem o detém.  

O exercício do dogmatismo pode ocorrer em diferentes níveis das instituições psicanalíticas. É muito visível nos conteúdos do ensino oferecido, e para isso basta olhar os programas de formação. Se estudarmos esses programas, é muito frequente ver que nos momentos fundacionais prevalecia uma linha teórica além da clássica freudiana. Na APdeBA, onde fiz minha formação, por exemplo, no início se ensinava Freud por mais de um ano, e também: a obra de Melanie Klein, a teoria da técnica derivada dessa linha, e, o que é muito interessante, psicanálise de crianças, além de outras matérias. Uma das supervisões podia ser da análise de uma criança.  

Com o passar dos anos, os conteúdos se tornaram mais pluralistas, e hoje são oferecidos seminários de diversos autores e linhas de pensamento. Acho que é compreensível o apego a uma linha teórica em momentos iniciais, quando é necessário se unir para se manter como grupo, mas essa posição deve ser revista se o desejo é crescer e diversificar. Por outro lado, hoje, salvo raros institutos, a diferença entre analistas em formação e membros é escassa ou nula. Compartilha-se a vida institucional nas diferentes instâncias e isso tem uma lógica que parecia não ter sentido no passado. Era muito notória a convicção de que era importante manter a assimetria entre aqueles que ensinam e aqueles que aprendem.  

Tive experiências em outras partes do mundo em que dei conferência na qual o público estava separado em duas partes de uma sala: membros de um lado, analistas em formação do outro. Isso não faz sentido, pois quem chega às nossas instituições para se formar e eventualmente ser membro são colegas. Trata-se de uma pós-graduação. Como poderíamos chamar de candidatos aqueles a quem se pede que trabalhem com pacientes e compartilhem sua clínica?  

De toda forma, ainda há muito caminho a percorrer. Embora a diversidade seja aceita em muitos sentidos, nos programas de formação há poucas propostas de seminários sobre diversidade sexual e de gêneros, política e instituições, crise ambiental, efeitos das migrações, xenofobia, violência de gênero e contra crianças. Essa lista pode continuar.  

Embora existam comitês na IPA e na FEPAL que estudam esses temas, não os vemos frequentemente incluídos nos currículos dos institutos. Por outro lado, quando somos escolhidos para desempenhar uma função de liderança, como aconteceu com todos nós na mesa – Entre o dogmatismo, a tradição e a abertura nas instituições psicanalíticas -, enfrentamos o fato de que não recebemos nenhuma formação sobre o tema. Vamos aprendendo com a experiência, com acertos e, sobretudo, com erros. Acho que é um tema sobre o qual deveríamos refletir e debater.  

Sobre a abertura nas instituições psicanalíticas, penso que não se refere apenas a uma posição teórica predominante, nem ao diálogo com outras disciplinas. Implica em um verdadeiro respeito às ideias dos outros e também ao fato de trabalhar sobre os próprios preconceitos e pré-conceitos.  

Ao longo da experiência em nosso trabalho como psicanalistas, chegamos a valorizar a possibilidade de uma escuta atenta, honesta e o mais livre possível de pré-conceitos. Essa escuta aberta para receber o que o paciente tem a dizer, que pode ser chamada de receptividade, e não se refere apenas à linguagem verbal, deveria ser o centro da atitude daqueles que conduzem uma instituição como líderes.  

Da mesma forma, precisamos comunicar de maneira muito clara e rápida, já que todos devem estar informados sobre o que ocorre no funcionamento de uma instituição.  

O entusiasmo pelo trabalho institucional se baseia no esforço para compreender a realidade pessoal, a dos outros e a do entorno em que se encontra a instituição que queremos considerar.  

Para dar um exemplo, abertura não se refere apenas à posição teórica nem ao diálogo com outras disciplinas. Nesse ponto, esse aspecto já está incorporado.  

A ideia de abertura pode levar a importantes confusões. Não se trata, como mencionei antes, de assumir uma postura eclética, nem de fazer práticas de marketing para atrair mais interessados na formação analítica e/ou na adesão à instituição.  Meu mestre, Donald Meltzer, dizia que se pode aprender psicanálise, mas não se pode ensiná-la. Trata-se de uma transmissão da maneira mais horizontal possível.  

Talvez, por momentos, as instituições, em vez de “abrirem-se”, deveriam se recolher sobre si mesmas para revisar se estão funcionando de acordo com as ideias que sustentam cada um dos analistas, se está conseguindo trabalhar sobre os próprios preconceitos e pré-conceitos, e se realmente aceitam tanto os erros quanto às inconsistências na política institucional.  

Se não formos capazes disso, poderíamos estar deslizando para dois caminhos possíveis:  

1. O dogmatismo do qual já falamos ou  

2. O apagamento das diferenças.  

Qualquer uma dessas atitudes resulta negativamente para o crescimento institucional.  

As diferenças devem ser reconhecidas e trabalhadas. Por outro lado, se as inconsistências são negadas, elas obstruem o surgimento de novidades. Em vez disso, se são reconhecidas, podem se constituir em pontos de partida para novas ideias.

Referências  

Bion, W.R. (1965) Transformações. Do aprendizado ao crescimento, Centro Editor de América Latina, Buenos Aires, 1972  

Ferrater Mora, J. (1979) Dicionário de Filosofia, Alianza Editorial, Madrid, 1984.  

Freud, S. (1938) Esquema do Psicanálise, OC, vol. XXIII, Amorrortu, Buenos Aires, 1979.  

*Título da Mesa do Congresso Fepal composta por Virginia Ungar (APdeBA), Cláudio Eizirik (SPPA), Maria Pía Costa (SPP) sob a coordenação de Wania Cidade (SBPRJ).

(Os textos publicados são de responsabilidade dos autores)

Categoria: Instituições Psicanalíticas  

Palavras-chave: instituição psicanalítica, pluralismo, transformações, transmissão, prejuízo 

Imagem: fotografia histórica do Congresso que fundou a IPA em Nuremberg, em 1910

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Texto original em espanhol, a seguir:

Observatorio Psicoanalítico – OP 539/2024

Ensayos sobre acontecimientos sociopolíticos, culturales e institucionales en Brasil y en el Mundo

“Entre el dogmatismo, la tradición y la apertura en las instituciones psicoanalíticas”

Virginia Ungar – APdeBA

Desde el punto de vista personal, me formé como primer grupo de analistas en formación de APdeBA, recién fundada, y como ocurre en los momentos iniciáticos, en un clima muy apegado a las tradiciones europeas en cuanto a regulaciones y contenidos de los seminarios.

Esto ha ido cambiando con a lo largo de los años, pero debo decir que si bien han habido diversos cambios, éstos han ocurrido sobre la base de permanencias tan caras al pensamiento psicoanalítico. 

Es Bion quien en su libro Transformaciones (1963) nos habla de invariancias y transformaciones y define a las invariantes como los “elementos que intervienen para formar el aspecto inalterado de la transformación”. Así como para un artista las invariantes para representar la realidad cambian según su técnica y producen transformaciones diferentes, los analistas interpretarán de manera diferente un mismo material clínico al jerarquizar distintas invariantes de acuerdo al modelo de la mente que sostiene su práctica.

Transformaciones e invariantes, aparecen como términos de un par. No puede haber un cambio sino es sobre la base de una persistencia, así como en toda transformación veremos la marca de la invariante, de lo inalterado. 

Los analistas sabemos de esto porque para que la transferencia se desarrolle, es más, para que la neurosis de transferencia se despliegue, es condición el encuadre analítico instalado. Transferencia-contratransferencia-encuadre internalizado ¿no son algunas de las  invariantes o permanencias?

Con esto no decimos que estos conceptos no puedan sufrir variaciones, permanencia no es inmutabilidad, es constancia, persistencia, una base sobre la cual el cambio tendrá sentido y podrá ser percibido.

Ahora vayamos a tradición, que nos hace pensar en legado, en transmisión y en herencia. 

Freud cierra en 1938 su “Esquema del Psicoanálisis”  (1938) con una cita del Fausto de Goethe que ya había utilizado anteriormente en 1912: “Lo que has heredado de tus padres, adquiérelo para poseerlo” o “acéptalo y hazlo tuyo”

Mi lectura de esta cita es que Freud nos reta a un desafío: que tomemos tanto su obra como la de los autores que lo siguieron como una red que nos sostiene pero que no debe atraparnos sino más bien constituirse en un terreno del que puedan surgir nuevos hallazgos. Estas novedades no van a complementar sino suplementar a las teorías preexistentes. Para que esto ocurra, “lo heredado”, la “tradición” que nos es legada nos interpela a hacer un trabajo personal para apropiarnos de aquello que está ahí.

Será entonces el trabajo sobre lo heredado, la impronta personal con que cada uno consigue “hacer propio” lo que le ha sido dado lo que constituya la tensión entre la tradición y lo nuevo. Si se consiguiera algo de esto, en lugar de oposiciones estériles entre escuela psicoanalíticas se podrá hacer un trabajo sobre las diferencias que no dé lugar al tentador eclecticismo ni a una adhesión confortable. 

Esta adhesión que llamo confortable puede evolucionar fácilmente hacia una situación polarizada y entrar en el terreno del dogmatismo.

El dogmatismo puede ser estudiado desde el punto de vista de la religión, la filosofía y hoy también intentaremos pensarlo en el terreno de las instituciones.

Me voy a referir brevemente a los dos primeros campos. En la religión, fue en el concilio de Trento (1545- 1563) donde la palabra “dogma” recibió el significado con que actualmente se suele utilizar en el ámbito religioso: dogmas son aquellas verdades directamente reveladas por Dios, y reconocidas por una Iglesia, que constituyen objeto obligado de fe para los creyentes de la misma. 

En la teoría del conocimiento se entiende como la posición del realismo ingenuo que indica que sólo podemos conocer aquello con lo que tenemos un trato diario y directo. Otra manera de verlo está basada en la confianza absoluta en un órgano de conocimiento tal como lo es la razón. A partir de Kant, dogmatismo es el procedimiento dogmático de la razón pura sin una previa crítica de su propio poder. (1979)

Con esta breve y por cierto incompleta base, podemos intentar centrarnos en el funcionamiento institucional.

Si observamos el decurso de la vida de una institución, podemos ubicarnos en la esfera del dogmatismo en el propio origen de la misma. 

Las madres y padres que la fundaron escriben esa palabra divina (dogmatismo religioso) que puede referir a modos de comportamiento, acciones concretas, lenguaje cuando se comunican interna o externamente, vínculos con la sociedad, políticas y planificación. Esto queda inscripto también en los llamados reglamentos o regulaciones.

Al dogmatismo de las religiones no se las cuestiona. En las instituciones civiles (o públicas) el dogmatismo puede aparecer con una fuerza muy poderosa para sostener el status-quo. Con eso se logra evitar el aggiornarnamiento, ocultar los puntos de inconsistencia y anular cualquier proceso de transformación y así se consigue mantener el poder secular de quienes lo detentan.

El ejercicio del dogmatismo puede darse en distintos niveles de las instituciones psicoanalíticas. Es muy visible en los contenidos de la enseñanza que se ofrece, y para eso basta mirar los programas de formación. Si se estudian esos programas es muy frecuente ver que en los momentos fundacionales prevalecía una línea teórica además de la clásica freudiana. En APdeBA, adonde hice mi formación, para dar un ejemplo, al comienzo se enseñaba Freud durante más de un año y la obra de Melanie Klein, la Teoría de la Técnica derivada de esa línea y lo que es muy interesante, psicoanálisis de niños, además de otras materias. Una de las supervisiones podía ser del análisis de un niño.

Con el correr de los años los contenidos se hicieron más pluralistas, y hoy se ofrecen seminarios de diversos autores y líneas de pensamiento.

Creo que es comprensible el apego a una línea teórica en momentos iniciáticos en que hay que cerrar filas para sostenerse como grupo, pero esa posición tiene que abrirse necesariamente si el deseo es el de crecer y diversificar.

Por otra parte hoy, salvo escasos institutos, la diferencia entre los analistas en formación y los miembros es escasa o nula. Se comparte la vida institucional en las distintas instancias y esto tiene una lógica que parecía no tener sentido en un pasado. Era muy notoria la convicción de sostener la asimetría entre los que enseñan y los que aprenden. 

He tenido experiencias en otras partes del mundo en haber dado una conferencia en la que el público estaba separado en dos partes de una sala, miembros de un lado, analistas en formación del otro. Esto carece totalmente de sentido pues quienes llegan a nuestras instituciones a formarse y eventualmente ser miembros son colegas. Se trata de un posgrado. ¿cómo podíamos llamar candidatos a quienes se les pide que trabajen con pacientes y compartan su clínica?

De todas maneras, hay mucho camino por recorrer todavía. Si bien es aceptada la diversidad en muchos sentidos, en los programas de formación se ven pocas propuestas de seminarios acerca de la diversidad sexual y de géneros, la política y las instituciones, la crisis ambiental, los efectos de las migraciones, la xenofobia, la violencia de género y hacia los niños.  Esta lista puede seguir.

Si bien existen comités en la API y en FEPAL que estudian estos temas, no los vemos incluidos en la curricula de los institutos con frecuencia. Por otra parte, cuando llegamos a ser elegidos para desempeñar una tarea de conducción, como nos ha ocurrido a todos los que estamos en esta mesa, nos enfrentamos con el hecho de que no hemos recibido ninguna formación en el tema. Vamos aprendiendo de la experiencia, de aciertos y sobre todo de errores. Creo que es un tema sobre el que deberíamos pensar y debatir.

Al otro tema del título de esta mesa, la apertura, ya la estamos encarando.

No se refiere solamente a una posición teórica predominante ni tampoco al diálogo con otras disciplinas. Implica un verdadero respeto a las ideas de los otros y también  al hecho de  trabajar sobre los propios prejuicios y preconceptos.

A lo largo de la experiencia en nuestro trabajo como psicoanalistas hemos llegado a valorar la posibilidad de una escucha atenta, honesta y lo más libre de preconceptos que sea posible. Esta escucha abierta a recibir lo que tenga que decir el paciente, que puede llamarse receptividad, no implica solamente al lenguaje verbal, debería ser el centro de la actitud de los que conducen una institución como líderes. 

De la misma manera, tenemos que comunicar de manera muy clara y rápida, ya que todos deberían estar enterados de lo que ocurre en el funcionamiento de una institución.

El entusiasmo por el trabajo institucional se basa en el esfuerzo por comprender la realidad personal, la de los otros y la del entorno en que se encuentra la institución que queremos considerar.

Para dar un ejemplo, apertura no se refiere solamente a la posición teórica ni tampoco al diálogo con otras disciplinas, a esta altura este aspecto está incorporado.

La idea de apertura puede llevar a importantes confusiones. No se trata, como lo señalé antes, de asumir una postura ecléctica ni de hacer prácticas de marketing para atraer más interesados en la formación analítica y/o la membresía a la institución.

Mi maestro, Donald Metlzer, decía que se puede aprender psicoanálisis pero no se puede enseñarlo. Se trata de una  transmisión de la manera más horizontal posible. Quizás, por momentos, las instituciones en lugar de “abrirse” deberían replegarse sobre si mismas para revisar si se está funcionando de acuerdo al respeto a las ideas que sostienen cada uno de los analistas, también  si se logra a trabajar sobre los propios prejuicios y preconceptos y si realmente se aceptan tanto los errores como las inconsistencias en la política institucional.

Si no somos capaces de esto podríamos estar deslizándonos hacia dos caminos posibles: 

1-el dogmatismo del que ya hablamos o 2-el borramiento de las diferencias. Cualquiera de las dos actitudes resulta negativa para el crecimiento institucional. Las diferencias deberían ser reconocidas y trabajadas. Por otra parte, si las inconsistencias son negadas, ocluyen la aparición de novedades. En cambio, si son reconocidas pueden constituirse en puntos de partida de nuevas ideas. 

Referencias

Bion; W.R. (1965) Transformaciones. Del aprendizaje al crecimiento, Centro Editor de América Latina, Buenos Aires, 1972

Ferrater Mora, J (1979), Diccionario de Filosofía, Alianza Editorial, Madrid, 1984.

Freud, S. (1938) Esquema de Psicoanálisis, OC, vol. XXIII, Amorrortu, Buenos Aires, 1979. 

*Título de la Junta del Congreso Fepal formada por Virginia Ungar (APdeBA), Cláudio Eizirik (SPPA), Maria Pía Costa (SPP) bajo la coordinación de Wania Cidade (SBPRJ).

(Los textos publicados son responsabilidad de sus autores)

Categoría: Instituciones psicoanalíticas

Palabras clave: Institución psicoanalítica, Pluralismo,Transformaciones, Transmisión, Prejuicio

Imagem: fotografia histórica do Congresso que fundou a IPA em Nuremberg, em 1910

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Tags: Instituição Psicanalítica | pluralismo | prejuízo | Transformações | transmissão
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