Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo
QUEBRANDO O SILÊNCIO!
Fernanda Marinho (SBPRJ)
Acabo de registrar minha presença na Conferência de Abertura II simpósio IBI no Campus, promovido pelo Instituto Brasil-Israel: “CONFLITO ISRAEL-PALESTINA: PERSPECTIVAS DE PAZ E COEXISTÊNCIA”
Foi um ato autoconvocado pela imobilidade e impotência que tenho experimentado, foi um ato de busca de elementos que ampliem a capacidade de reflexão, um ato de solidariedade aos companheiros que permanecem coerentes e ativos, vencendo a força inercial que nos arrasta em muitos momentos, mas foi, antes de tudo, um ato movido pelo desespero, uma tentativa de vislumbrar uma réstia de abertura para a espera, a esperança – na mesa, consagrados professores judeus e árabes, juntos!
Nós analistas estamos escandalizados, se não estamos, há algo errado: como podemos silenciar ante os fatos que ocorrem desde o fatídico 07 de outubro, quando Israel sofreu o ataque terrorista do Hamas, de violência e crueldade extremas, com todas as funestas consequências para os povos israelense e palestino?
Desde então, assistimos a uma escalada de violência e crueldade inomináveis: para as famílias de Israel, a manutenção de reféns em condições de sofrimento que se agravam a cada dia; e a perda ímpar de seus jovens filhos, filhas, seus irmãos, pais, amigos, pela morte física ou morte da alma na guerra assassina; o antissemitismo que, sempre à espreita, encontra solo fértil para, mais uma vez, emergir descaradamente; e algo que me assombra, especialmente, e sobre o qual reina um silêncio ensurdecedor em nosso meio: a continuidade do uso quase ininterrupto de instrumentos que, independentemente dos fins anunciados, se tornam meios de eliminação em massa da população palestina; indizível o sofrimento desta: o extermínio de crianças – principalmente crianças! – e mulheres, na ordem dos milhares, famílias destroçadas também aos milhares; o deslocamento forçado para terras de ninguém, toda espécie de privação.
Como calar, nós psicanalistas, diante desse cenário dantesco?
É preciso clamar, o mais alto possível, por um cessar fogo imediato, pela libertação incondicional dos reféns e pelo início de negociações mediadas pela ONU para a criação de um Estado Palestino livre e soberano e por um Estado soberano de Israel liberto do aprisionamento opressor próprio ao permanente estado de dominação sobre um outro povo. Por fronteiras seguras para os dois Estados. Não ao terrorismo, não ao preconceito, à discriminação e à segregação.
PAZ AGORA!
Afinal, “nada de novo no front”, um mundo em que reina o Deus de Schreber, aquele que só conhece a linguagem dos cadáveres!
(Os textos publicados são de responsabilidade de seus autores)
Categoria: Política e Sociedade
Palavras-chave: Psicanálise, silêncio, paz, coexistência, desespero, esperança
Imagem: Capa do Livro de Erich Maria Remarque “Nada de Novo no Front”
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