Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo
Domingo de eleições na Argentina
Alícia Killner – APA – Associação Psicanalítica da Argentina
Forçados a pensar “o novo”, a abandonar nossas antigas convicções por um momento, pelo menos para ver os fenômenos que aparecem como se tivessem surgido do nada.
Crises econômicas, inflação galopante, queda de toda representação e… desculpe, eu estava falando da República de Weimar, não confunda qualquer semelhança com a realidade como mera coincidência.
Eu voto cedo e me encontro com uma filha de 40 anos para votar. Ela sai e me diz: “Votei errado”. Havia alguma outra possibilidade? Talvez no segundo turno, nas urnas, estejamos prontos para escolher entre a direita e a extrema direita.
Há uma massa significativa de jovens, geralmente homens jovens, que estão preparados para votar em suas próprias forças obscuras. Cegos de toda cegueira, será que eles verão algo que nós, os mais velhos, tão apegados ao nosso conhecimento instituído, não conseguimos perceber?
Os supermercados não têm tudo, nem mesmo água mineral. Acho que a água da torneira não é tão ruim assim. É um consolo muito barato. Nos hospitais, estão reesterilizando material descartável, porque não conseguem comprar novos.
É preciso pensar: algo novo está acontecendo no mundo, algo que não parece bom e, no entanto, está lá, agachado e pronto para explodir a qualquer momento. Os monstros cresceram e nós não queríamos vê-los. “As pessoas não são tão fascistas assim”, um jovem parente meu me disse antes das eleições abertas. Será que vivemos em uma bolha mínima de conforto, mas ainda assim uma bolha?
É uma bolha feita de ideais decadentes, ignorância e preconceitos. Certos dados provenientes da economia, que sempre andam de mãos dadas com a política, inauguram uma nova era.
De qualquer forma, percebemos sutilmente que a diligência política está presa em uma situação retrógrada. Eles, os políticos, são uma reedição degradada de Weimar e nem sequer conseguem ver quem são seus aliados em potencial diante do que quase certamente será uma votação difícil.
A Argentina não merece passar pelo que essa incógnita está provocando, mas talvez a classe política mereça engolir o gosto amargo de seu fracasso. Se o slogan é “um Estado presente”, é preciso dizer que o Estado não funciona ou que é quase uma piada e, se esse for o caso, alguém pode acreditar que o que é necessário não é fazê-lo funcionar, mas… uma motosserra. A propósito, na escola pública onde votei, nos poucos minutos em que estive lá, três pessoas ficaram presas em um elevador. Que boa metáfora!
Há uma liderança política que seduz, ou tenta seduzir, mas nunca cumpre suas promessas. A ideia do bem comum quase naufragou, e parece que todos buscam apenas os benefícios pessoais da política. Então surge alguém que se dirige a um grupo que até recentemente era um cupido em cena, os autônomos, aqueles sem sindicatos ou subsídios (o taxista de que Monica Vorcheimer falou), “as pessoas de bem”, como o candidato as chama, que, como afirma o sociólogo Pablo Semán, não são mais uma categoria econômica, nem uma categoria social, mas uma categoria moral.
Uma jovem candidata a deputada do Coldsplay propõe um projeto de lei para que os pais possam renunciar oficialmente à paternidade indesejada, porque as mulheres, diz ela, “têm o poder de matar o bebê no útero”. Se isso não fosse verdade, pareceria um esboço de um desenho de mau gosto.
Ela também fala sobre “as pessoas de bem”, aquelas que saíram do cenário social do mundo de ontem e que poderiam muito bem ser delineadas pela esquerda, que trabalham por conta própria e não têm ninguém para cuidar delas.
Se o Estado não cuida de mim e, além disso, me incomoda… eles parecem dizer novamente: motosserra!
Dolarização, rompimento com o Papa, privatização do oceano… Vamos para as soluções! Uma ideia da direita, não apenas dos libertários, é que nada prejudica mais do que a democracia.
Os pobres já não buscam a política tradicional, o emblema do “novo”, tão caro à publicidade capitalista, os contém, os prende.
E não importa o que Francisco diz, nem o que os pais dizem, nem o que os professores da escola dizem. A philia dos colegas, as redes sociais criaram uma nova democracia que, por um tremendo golpe do destino, faz da rebelião uma nova direita.
(Os textos publicados são de responsabilidade de seus autores)
Categoria: Política e Sociedade
Palavras-chave: liberdade, forças obscuras, rebeldia, o novo
Imagem: “En gran cabrón”, Goya, 1821-1823, Museu do Prado
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Texto no original em espanhol
Observatorio Psicoanalítico – OP 438/2023
Ensayos sobre acontecimientos sociopolíticos, culturales e institucionales en Brasil y en el Mundo
Domingo de elecciones en Argentina
Alícia Killner – APA
Obligados a pensar “lo nuevo”, abandonar nuestras antiguas convicciones por un momento al menos para ver los fenómenos que aparecen como venidos de la nada.
Crisis económica, inflación al galope, caída de toda representación y… perdón, hablaba de la República de Weimar, no se confundan todo parecido con la realidad es mera casualidad.
Voto temprano y alcanzo a una hija en sus 40 a votar. Sale y me dice “voté mal”. Acaso había otra posibilidad? Tal vez en la próxima ocasión, en el balotaje estemos dispuestos a elegir entre la derecha y la extrema derecha.
Hay una masa importante de jóvenes, en general varones jóvenes que están dispuestos a votar por sus propios dioses oscuros. Ciegos de toda ceguera, ¿verán algo que los mayores, tan apegados a nuestros saberes instituidos no pudimos percibir?
En los supermercados falta de todo, ni siquiera hay agua mineral. Pienso que la del grifo no es tan terrible. Consuelo muy barato. En los hospitales están re estirilizando el material descartable, porque nuevo no se consigue.
Hay que pensar: algo nuevo pasa en el mundo, algo que no suena bien, y que sin embargo está allí agazapado y por estallar en cualquier instante. Los monstruos han crecido y no los quisimos ver. “La gente no es tan facha”, me decía un familiar joven antes de las internas abiertas. Ajá, ¿no será que vivimos en una burbuja de confort bastante mínimo pero burbuja al fin?
Es una burbuja hecha de ideales en caída, de ignorancias y prejuicios. Ciertos datos que venían de la economía, que siempre va encadenada con la política inaugura una época nueva.
De cualquier modo, sutilmente percibimos que la diligencia política está atrapada en una situación que atrasa. Son una reedición degradada de Weimar, No pueden ver ni siquiera quiénes pueden ser sus potenciales aliados frente a lo que casi seguro será un difícil balotaje.
La Argentina no se merece pasar por lo que esto desconocido convoca, pero, tal vez la clase política si se merezca tragar el sabor amargo de su fracaso. Si el lema es “un estado presente” hay que decir que el estado no funciona o que ya casi es un chiste, y si resulta así alguien pueda creer que entonces lo que conviene no es hacerlo poner a funcionar sino… motosierra. De paso en la escuela pública en la que voté en los pocos minutos en que estuve allí, tres personas quedaron atrapadas en un ascensor. Qué buena metáfora!
Hay una dirigencia política que seduce, o intenta seducir pero después jamás está a la altura de lo que prometió. Ya la idea del bien común casi ha naufragado, y sólo pareciera que todos van tras los beneficios personales de la política. Entonces surge alguien que se dirige a un grupo hasta hace poco cupido de la escena, el cuentapropista , el que no tiene sindicato, ni subsidios, (será el taxista del que nos hablaba Mónica Vorcheimer) “ la gente de bien” como los da en llamar el candidato, que como afirma el sociólogo Pablo Semán, ya no son una categoría económica, ni una categoría social sino una categoría moral.
Una joven Coldsplay candidata a diputada propone un proyecto de ley donde los padres puedan oficialmente renunciar a una paternidad no querida, ya que las mujeres ,dice “tienen la facultad de matar en el vientre al bebé”. Si no fuera cierto parecería un sketch de un varíete de mal gusto.
También ella se dirige a “la gente de bien” . esos que caídos de la escena social de el mundo de ayer, y que tan bien podía delinear la izquierda, trabajan por su cuenta y no tienen quién los cuide.
Si el estado no me cuida y encima me molesta pues… parecen decir otra vez: motosierra.
Dolarización, ruptura con el Papa, privatizar el océano, Vaya con las soluciones.
Una idea de la derecha, no sólo de los libertarios es que nada daña más que la democracia.
Los pobres ya no van por la política tradicional, el emblema de “lo nuevo”, tan caro a la publicidad capitalista los contiene, los atrapa.
Y no importa lo que diga Francisco, ni lo que digan los padres, ni los profesores del colegio.
La filia de los pares, las redes sociales han creado una nueva democracia que por tremenda carambola del destino hace que la rebeldía sea una nueva derecha.
(Los textos publicados son responsabilidad de sus autores)
Categoría: Política y Sociedad
Palabras clave: libertad, dioses oscuros, rebeldía, lo nuevo.
Imagem: En gran cabrón, Goya, 1821-1823, Museo del Prado
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