Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo
Considerações sobre o terrorismo
José Alberto Zusman – SPRJ
Não se enganem, o terrorismo não deseja nada além de causar terror. Com o terror ele mantém sob controle populações inteiras de pessoas boas e honestas que usa escudos humanos e massa de manobra. Frente a terroristas todos são vítimas. O terrorista não tem nada a perder nem a ganhar, deseja apenas o poder advindo do próprio terror que ele incute nas pessoas que domina.
O terrorista não luta nem por causas nem por terras. Luta para amedrontar e subjugar seres humanos que deles diferem. Pouco importam aqueles por eles degradados, os que caem em suas mãos e são maltratados de todas as maneiras possíveis. Degolar e incendiar bebês, estuprar e matar mulheres, exterminar os idosos ou famílias inteiras em um clima de triunfo e regozijo. Esse é o cenário da festa do inferno, ou do banquete de Tânatos, que os terroristas promovem. Na cartilha do terror se ensina o que há de mais selvagem e desumano.
Os valores mais nobres da nossa civilização, como compaixão e amor ao próximo, são substituídos pela destruição e pela barbárie. A intolerância frente às diferenças assume um papel preponderante. A lei é a de matar ou morrer, tanto faz. Destruir para liderar ou apenas destruir para destruir.
É verdade que nas guerras, que são graves movimentos humanos regressivos, civis também são mortos. Mas há uma diferença ética, mesmo que distorcida, ao menos se briga por um ideal, uma causa, verdadeira ou não. Ninguém sai de casa com o objetivo de matar crianças e idosos. No terrorismo não há regra, há apenas o propósito de matar o maior número de pessoas da forma mais cruel possível. Terroristas são todos extremistas, e políticos extremistas talvez sejam meros disfarces de terroristas ao revelar sua intolerância por todos que deles diferem.
A democracia, longe de ser perfeita, vem há muito propondo caminhos que, se fossem seguidos na prática, poderiam nos trazer esperança, mas a sua prática ainda está muito distante de suas propostas. A verdade é que, embora tenha havido uma grande evolução tecnológica, do ponto de vista do desenvolvimento humano pouco conseguimos por em prática. Nem alguns dos preceitos civilizatórios básicos inscritos nas tábuas de Moisés há quase seis mil anos atrás como “não matar”, “não furtar” e “não cobiçar o que é do próximo” alcançaram o devido êxito. Permanecem como metas inalcançáveis.
Dada essa realidade que vivemos temo que, infelizmente, ainda haja um longo caminho a ser percorrido para o estabelecimento de um convívio minimamente pacífico entre humanos. Enquanto não conseguirmos, viveremos, uns mais uns menos, todos reféns da terrível barbárie que nos habita. O terrorismo é, sem dúvida, a evidência mais cruel do nosso fracasso.
(Os textos publicados são de responsabilidade de seus autores)
Categoria: Política e Sociedade
Palavras-chave: Terrorismo, humanidade, processo civilizatório, desumanização, barbárie
Imagem: Guernica, Picasso (1937). WikiArt: Enciclopédia de Artes Visuais
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