Boa tarde
No dia 20/7 a Colômbia comemorou seu 213o. ano de sua independência da Espanha. Para marcar essa data, nós da Curadoria do OP postamos o ensaio de nosso querido colega (e amigo de muitos de nós), Fernando Orduz, apresentado na mesa do OP no último congresso da Fepal quando conversamos sobre o bicentenário da independência dos países da América Latina.
Bem-vindo ao grupo de e-mails do Observatório Psicanalitico, Fernando. É um forte abraço nosso.
Equipe de Curadoria (Beth Mori, Ana Valeska Maia, Daniela Boianovsky, Gabriela Seben e Renata Zambonelli)
—-//—- a seguir o texto
Ensaios sobre acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais do Brasil e do Mundo
Colon-izar
Fernando Orduz (SCP – Sociedade Colombiana de Psicanálise)
O meu país, a Colômbia, honra com o seu patronímico o colonizador ou invasor das nossas terras, Cristóvão Colombo. Embora gostasse de pensar que colonizar também tem a sua origem no nome do colonizador, tenho de reconhecer que colonizar vem da palavra colônia que se refere à ocupação de um território por pessoas que não são nativas daquele lugar. “Izar” é um sufixo que indica tornar-se… tornamo-nos a utopia que um Colombo e os seus marinheiros, aventureiros e deslocados do velho mundo, sonharam e encontraram na nossa terra um paraíso para colonizar.
Embora também pudesse jogar com as palavras e argumentar que se conjugar o latim original com certos significados anatômicos, colon-izar indicaria o desagradável segmento final das nossas funções intestinais.
Este fato do nome parece-me importante, pelo menos na história deste país de onde venho, chamado Colômbia, porque originalmente tínhamos outro nome. O Vice-Reino que nos governou foi chamado Nova Granada.
Um fato que me parece de não pequena importância, dado que por detrás da sombra do projeto naval orquestrado por Colombo, uma multidão de andaluzes, supostamente espanhóis, trouxe secretamente consigo o legado de outra civilização, especialista em astronomia e matemática. Granada foi o último bastião árabe a resistir ao impulso vitorioso da União de Castela e Aragão.
Para que não pareçamos estar a fazer história, mas sim psicanálise, lembremo-nos que por detrás de todo o conteúdo manifesto estão outras coisas que não são nem visíveis nem audíveis para a consciência.
Presumo que os marinheiros que viajaram nestas caravelas não eram propriamente peritos neste conhecimento e que não faziam ideia de que os números que utilizavam se chamavam numerais arábicos. Estes aventureiros das caravelas eram bastante adeptos de transportar pragas mortais como varíola e sarampo, tifo, gripe e tosse convulsa, que mataram mais índios do que as armas dos conquistadores (há provas de que aproximadamente 50 milhões de índios morreram no primeiro século da chegada de Colombo).
Para além destas doenças, e como também não trouxeram conhecimentos algorítmicos e algébricos, estes marinheiros trouxeram palavras e sabores que nada tinham a ver com a influência espanhola, mas com as marcas que a invasão árabe tinha deixado em al-Andalus. Os marinheiros aventureiros que embarcaram nas caravelas naquela região da península sul da Hispânia não eram propriamente galegos ou vascos ou catalães ou castelhanos. Os marinheiros vieram da parte mourisca da península, e é possivelmente por isso que embarcaram nos barcos com sabores e línguas que, sem eles o preverem, fazem hoje parte da idiossincrasia da minha nação, como o café e o açúcar¹. Estes produtos, hoje tão colombianos, foram introduzidos pela chegada dos espanhóis, mas são palavras e nutrientes que trouxeram a marca árabe. Na realidade, o café suave da Colômbia é chamado de arábica.
O colonizador espanhol também foi colonizado por uma língua que o possuía. A nossa língua é invadida por nomeações árabes, muitas delas marcadas pelo prefixo al… almofada, cisterna, manjericão, álcool, alguns com sabores não tão agradáveis para a memória como álgebra e a tão popular nomeação nos dias de hoje do algoritmo; mas há outra diversidade de palavras-sabor como óleo, arroz, lima, laranja, melancia, que são da marca árabe, bem como outras nomeações, próximas do nosso trabalho analítico, como a palavra divã ou o maravilhoso ojalá…oj-alá… que governa os nossos anseios e desejos oníricos e que traduz, desejos de Alá.
Por que é que faço este desvio através da história da colônia?
Menciono-a apenas porque quero exemplificar que em cada processo de colonização existem marcas, algumas mais evidentes, que têm a marca de uma certa violência imponente, e outros traços mais silenciosos como os que eu queria exemplificar com a colonização da língua. As marcas da violência gritam, as marcas da linguagem, navegam silenciosamente ou fazem metáforas.
Os colonizados são forçados a renunciar aos seus desejos originais para que surjam novas marcas de fora do seu território; marcas que são impostas a partir de um lugar alternativo, de um outro invasor.
Os impérios trabalham desta forma, despojam os colonizados dos seus pertences, das suas identidades, dos seus objetos, despojam o outro da sua língua ou do seu corpo, do seu corpo-oralidade, do conhecimento da sua língua e dos seus gostos… a língua materna é despojada para que a língua do colonizador possa emergir, e nisto nós, machos, destacamo-nos com o nosso ímpeto imperial penetrante.
Este uso da linguagem como marca imperial parece-me ser muito importante para destacar. Joseph Beuys, um artista alemão cuja performance girava em torno de muitas práticas discursivas, elaborou um conceito interessante, a escultura social, um conceito que se justifica pelo fato de a linguagem ser como a escultura, uma vez que é o que dá forma às ideias…. quem governe a forma da linguagem, governa a forma das ideias.
Pensemos nos dispositivos escolares como uma forma escultórica em que o poder instituído funciona como um cinzel na construção de uma uniformidade que tende a apagar as diferenças. O exemplo principal pode ser a forma como somos ensinados a escrever. A nossa escola marca uma estrutura gramatical na qual o sujeito precede toda a ação, e o sujeito privilegiado é o unitário, narcisista e individualista; quero dizer que o “eu” é o sujeito gramatical por excelência. A escola é uma instituição que produz disciplinas que serão orientadas para a escultura de uma imagem ideal que um grupo social institui e impõe aos seus membros componentes.
Esta orientação é determinante para a constituição dos processos formativos. Dou como exemplo a mesma palavra, “orientação”: se a ouvirmos literalmente podemos compreender que a sua sonoridade nos remete para o sentido ou significado, a orientação vem de leste, do oriente.
As primeiras formas de orientação foram localizadas ao nascer do sol. Assim, durante algum tempo, na Idade Média, os mapas tinham uma estrutura na qual, o que estava no topo era o continente asiático. Estes eram mapas que se chamavam T em O. Foi desenhado um círculo (apesar da crença num mundo plano) e dentro dele havia um T (talvez porque era o sinal da cruz). No topo do T estava a Ásia, e nos lados esquerdo e direito da vertical estavam a Europa e a África. O centro era Jerusalém. Tudo isto continuou até à institucionalização da Europa como o continente que domina os territórios ultramarinos no século XV, quando as cartografias mudaram. A Europa tornou-se então o continente no topo do mapa, altura em que uma parte do universo ficou pejorativamente conhecida como o Sul.
Uma ligeira reviravolta cartográfica, que não me parece tão ligeira, uma vez que encarna a constituição do ideal colonizador: a orientação torna-se um dos primeiros elementos que apoiam o processo formativo de um aluno. Já não é o Oriente, o nascer do sol, que orienta os processos formativos, agora o ponto cardeal é o norte: Europa ou América do Norte. A maioria dos licenciados do meu país sonha em concluir a sua licenciatura num destes territórios, e aqueles que vêm à Argentina regressam dizendo que é como estar na Europa da América do Sul.
O modelo universitário que originalmente chegou ao nosso território foi o modelo que tinha sido desenvolvido em Bolonha e Salamanca, universidades onde, para além das questões teológicas, foram ensinados conhecimentos de direito, tanto canônicos como civis. O ensino universitário, nessa altura, formou-se para salvaguardar a ordem civil e teológica, educando para legitimar as formas de controle social.
Finalmente, gostaria de me referir a práticas de resistência. É importante argumentar que se a colonização tem uma dinâmica de despossessão, imposição e marca, existem de alguma forma práticas descoloniais que se opõem a esta ação e visam reavivar memórias ancestrais. Penso, por exemplo, na forma como após quase três séculos de domínio do corpo afro pelos europeus brancos, este corpo se tornou uma vingança vitoriosa dos colonizados, do seu corpo-oralidade. Hoje poderia dizer que os brancos gostariam de ter o corpo dos negros e o canto melodioso das suas vozes e a forma do seu movimento. De fato, muitos brancos, mestiços, criollos, foram embalados durante os seus primeiros anos às canções das amas de leite de pele escura e “bemba colorá” (a forma como os negros definem os seus lábios grossos).
Termino com esta história. Para muitos afro, “a cabeça e o cabelo eram uma tábua em que a nossa liberdade era tecida”, diz Leocadia Mosquera, uma professora afro de uma comunidade no Pacífico colombiano. “As avós fizeram-no para planejar a sua fuga das fazendas e das casas dos seus senhores. As mulheres reuniam-se no pátio para pentear o cabelo dos pequenos, e graças à sua observação do mato, desenhavam nas suas cabeças um mapa cheio de pequenas estradas e rotas de fuga, no qual localizavam as montanhas mais altas, rios e árvores. Os homens sabiam quais as rotas a seguir quando os viam. O seu código, desconhecido dos senhores, permitia a fuga dos escravizados”.
As formas de desfazer colonizações passam por escritos, escritos que muitas vezes não têm lugar sobre a pele de ecrãs ou papel, mas são formas escriturísticas que têm lugar sobre corpos.
Isto pode justificar as palavras de Freud, que nos adverte que quando um homem é investido de poder, é difícil para ele não abusar do mesmo (Cap VII, Análise terminável e interminável).
Nota
1 – Ainda que o café não tivesse chegado nas primeiras viagens de Colón, mas somente dois séculos depois.
(Os textos publicados são de responsabilidade de seus autores)
Categoria: Política e Sociedade.
Palavras-chave: Colonizar, Marcas, Resistência, língua, Identidade
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Texto original: em Espanhol
Observatorio Psicoanalítico – OP 413/2023
Ensayos sobre acontecimientos sociopolíticos, culturales e institucionales en Brasil y en el Mundo
Colón-izar
Fernando Orduz – SCP – Sociedad Colombiana de Psicoanálisis, Bogotá, Colombia
Mi pais, Colombia, honra con su nominación patronímica al colonizador o invasor de nuestras tierras, Cristobal Colón. Aunque quisiera pensar que Colonizar tiene su origen también en el nombre del colonizador, tengo que reconocer que colonizar proviene de la palabra colonia, que refiere a la ocupación de un territorio de gente que no es originaria de ese lugar. Izar es un sufijo que indica convertirse en…nos convertimos en la utopía que soñaba un Colon y y sus marinos, aventureros y desplazados del viejo mundo encontraron en nuestra tierra un paraiso para colonizar. Aunque también podria jugar con las palabras y plantear que si conjugo el latinismo originario con ciertas significaciones anatómicas, colon-izar referiría al poco agradable segmento final de nuestras funciones intestinales.
Este hecho de la nominación me parece importante, al menos en la historia de este país del que provengo denominado Colombia, ya que en el origen portábamos otra nominación. El Virreinato que nos regentaba tenía por Nombre la Nueva Granada.
Hecho que me parece no de menor orden, puesto que tras la sombra de ese proyecto naval que orquestó Colón, una pléyade de andaluces, supuestamente españoles, traían en secreto el legado de otra civilización, experta en astronomía y matemática. Granada fue el último bastión árabe que resistió ante el empuje victorioso de la Unión de Castilla y Aragón. Para no parecer que hacemos historia sino psicoanálisis, recordemos que tras todo contenido manifiesto laten otras cosas que no son visibles ni audibles para la conciencia.
Asumo que los marineros que viajaban en esas carabelas no eran propiamente los expertos en estos conocimientos y que no tenían idea que los números que usaban tenían la denominación de arábigos. Esos aventureros subidos a las carabelas más bien eran expertos en portar las pestes mortales como la viruela y el sarampión, el tifo, la gripa o la tosferina, las cuales mataron mas indígenas que las armas de los conquistadores (hay datos que plantean que aproximadamente 50 millones de indígenas murieron tras el primer siglo de la llegada de Colon).
Mas allá de esas enfermedades, y al tanto que tampoco traían conocimientos algorítmicos y algebraicos, esos marinos traían palabras y sabores que no tenían que ver con el influjo español, sino con las marcas que la invasión árabe había dejado en al-andalus. Porque los marineros aventureros que se subieron en las carabelas en esa región del sur de la peninsula de Hispania, no eran propiamente gallegos o vascos o catalanes o castellanos. Los marineros provenían de la zona morisca de la peninsula, por ello posiblemente subieron a las barcas portando sabores y lenguajes que, sin ellos prever, hoy hacen parte de la idiosincracia de mi nación, ejemplo de ello, el café y el azúcar¹. Estos productos, hoy por hoy tan colombianos, fueron introducidos por la llegada de los españoles, pero son palabras y nutrientes que traían la marca arábiga. De hecho el café suave de Colombia se denomina arábigo.
El colono español también venia colonizado por un lenguaje que lo poseía. Nuestro lenguaje está invadido de nominaciones árabes muchas de ellas marcadas por el prefijo al… almohada, aljibe, albahaca, alcohol, algunas con sabores no tan gratos para la memoria como algebra y la tan popular nominación en estos días de algoritmo; pero hay otra diversidad de vocablos-sabores como aceite, arroz, lima, naranja, sandía, que son de la huella arábiga como también otras nominaciones, cercanas a nuestro quehacer analítico, como la palabra diván o el maravilloso ojalá…oj-alá… que gobierna nuestros anhelos y deseos oníricos y que traduce lo que Ala quisiera.
¿Por qué doy este rodeo por la historia de la colonia?
Lo menciono tan solo porque quiero ejemplificar que en todo proceso de colonización hay marcas, algunas más evidentes, que tienen el sello de cierta violencia impositiva, y otras huellas más silentes como las que quise ejemplificar con la colonización del lenguaje. Las marcas de la violencia gritan, las marcas de lenguaje, surfean silentes o hacen metáfora.
El colonizado está obligado a renunciar a sus deseos originales para que advengan nuevas marcas lejanas a su territorio; marcas que se imponen desde un lugar alterno, desde un otro invasor.
Los imperios funcionan de esa forma, despojan a los colonizados de sus pertenencias, de sus identidades, de sus objetos, desposeen al otro de su lengua o de su cuerpo, de su corpo-oralidad, del saber de su lengua y de sus sabores…la lengua madre es des-hecha para que emerja la lengua del colonizador, y en esto los machos nos destacamos con nuestros impetus penetrates imperiales.
Este uso de la lengua como marca imperial me parece muy importante de resaltar. Joseph Beuys, artista alemán cuyos performance giraban en torno a muchas prácticas discursivas, elaboró un concepto interesante, la escultura social, concepto que se justifica por que la lengua es como la escultura, ya que ella es la que da forma a las ideas….quien gobierna la forma de la lengua, gobierna la forma de las ideas.
Pensemos en los dispositivos escolares como una forma escultórica en la cual el poder instituido opera como cincel en la construcción de una uniformidad que tiende a borrar las diferencias. El ejemplo primario podría ser la forma en como se nos enseña a escribir. La escuela nuestra, la de todos los aquí presentes, marca una estructura gramatical en la cual el sujeto antecede a toda acción, y el sujeto que se privilegia es el unitario, narcisista e individualista; me refiero a que el YO es el sujeto gramatical por excelencia. La escuela es una institución que produce sujetos que van a estar orientados a esculpir una imagen ideal que un conjunto social instituye e impone para sus miembros componentes.
Dicha orientación es determinante en la constitución de los procesos formativos. Pongo como ejemplo la misma palabra, orientación, si la oímos literalmente podemos captar que su sonoridad nos refiere el sentido o significado, orientación proviene de oriente… Las primeras formas de orientación se ubicaron por la salida del sol. Por ello durante algún tiempo, en el medioevo, los mapas tuvieron una estructura en la cual, lo que estaba en la cabeza era el continente asiático.
Eran mapas que se denominaron T en O. Se dibujaba un circulo ( a pesar de la creencia en el mundo plano) y en su interior se hacía una T (tal vez por ser el signo de la cruz). En la parte superior de la T estaba Asia, y en los costados izquierdo y derecho de la vertical estaban Europa y Africa. El centro era Jerusalen. Todo esto se mantuvo hasta que la institucionalización de Europa como continente dominador de los territorios de ultramar en el siglo XV, las cartografías cambiaron. Entonces Europa devino el continente que estaba en la parte superior del mapa, en ese momento una parte del universo devenimos peyorativamente como los del Sur.
Un leve giro cartográfico, que no me parece tan leve, ya que encarna la constitución del ideal colonizador. De hecho la orientación se convierte en uno de los primeros elementos que sostienen el proceso formativo de un alumno. Porque ya no es el oriente, la salida del sol, lo que orienta los procesos formativos. Ahora el punto cardinal es el norte: Europa o Norte América. La mayoría de egresados de las formaciones universitarias en mi país sueñan con culminar su grado en alguno de esos territorios y los que llegan a Argentina regresan diciendo que es como estar en la Europa de Suramérica.
De hecho el modelo de universidad que llegó a nuestro territorio originalmente, fue el modelo que se había desarrollado en Bolonia o en Salamanca, Universidades donde mas allá de lo teologal se impartía un conocimiento del Derecho, tanto el canónico como el civil. La educación universitaria, en ese momento, formaba para resguardar el orden civil y teologal, educaban para legitimar formas de control social.
Para finalizar quisiera referirme a las prácticas de resistencia. Es importante plantear que si la colonización tiene una dinámica de despojamiento, imposición y marca, de alguna manera hay prácticas descoloniales que se oponen a dicha acción y apuntan a revivir memorias ancestrales. Pienso por ejemplo en la forma en como tras casi tres siglos de dominación del cuerpo de los afro por parte de los blancos europeos, este cuerpo ha devenido en una venganza victoriosa del colonizado, de su corpo-oralidad, hoy en día podría decir que los blancos quisieran tener el cuerpo de los negros y el melodioso canto de sus voces y la forma de su movimiento. De hecho, muchos blancos, mestizos, criollos, fuimos arrullados durante nuestros primeros años en los cantos de nodrizas de piel azabache, y bemba colorá (forma en como los negros definen sus labios gruesos).
Termino con este relato. Para muchos afro “La cabeza y el pelo fueron un tablero en donde se tejió nuestra libertad”, dice Leocadia Mosquera, profesora afro de una comunidad del pacífico colombiano. “Lo hicieron las abuelas para planear la fuga de las haciendas y casas de sus amos. Las mujeres se reunían en el patio para peinar a las más pequeñas, y gracias a la observación del monte, diseñaban en su cabeza un mapa lleno de caminitos y salidas de escape, en el que ubicaban los montes, ríos y árboles más altos. Los hombres al verlas sabían cuáles rutas tomar. Su código desconocido para los amos le permitía a los esclavizados huir”.
Las formas de deshacimiento de los colonizajes pasan por escrituras, escrituras que muchas veces no acontecen sobre la piel de las pantallas o del papel, sino que son formas escriturales que acontecen sobre los cuerpos.
Esto puede justificar las palabras del autor, que nos advierte de que cuando un hombre está investido de poder le resulta difícil no abusar de él (Freud, Cap VII. Análisis terminable e interminable)
Nota
1 – Aunque el café no llegó con los primeros viajes de Colón, sino dos siglos después.
(Los textos publicados son responsabilidad de sus autores)
Categoría: Política y sociedad;
Palabras clave: Colonizar, Marcas, Resistencia, Lenguaje, Identidad
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