MIRANTE-O PODCAST do OP-Episódio 39/2024

Olá pessoal,

Se você acompanha o Mirante, talvez esteja sentindo falta dos nossos episódios… Mas temos boas notícias: nosso podcast do OP está de volta! ️✨

Nos últimos tempos, estivemos mergulhados em um trabalho intenso com os ensaios – e outras tantas demandas que assumimos. Mas agora, conseguimos retomar nossos programas e seguir com a temporada “O Sexual na Pólis”.

E para este mês de março, quando o dia 8 nos convida a refletir sobre o lugar das mulheres em nossa época, nos deparamos com um tema urgente e necessário: “Violência contra as mulheres”.

É um episódio que precisávamos trazer para o debate. Contamos com vocês para essa escuta e essa conversa! 

Em Psicologia das massas e análise do eu, Freud afirma “primeiro cedemos nas palavras, e depois, pouco a pouco, também na coisa.” 

Começamos a pensar neste episódio de hoje a partir dessa afirmação.  Desejávamos, sem eufemismos, falar da violência contra a mulher e incluir no nosso espectro de pensamento as mulheres mais diversas: de todas as classes sociais, brancas, negras, indígenas, refugiadas, estrangeiras, velhas e jovens, lésbicas, bissexuais, homossexuais, transexuais e com seus corpos magros, gordos, marcados por alegrias e tristezas, rugas, tatuagens e cicatrizes. Mas nesse ponto já nos deparamos com um paradoxo: tentar algum tipo de homogeneização sobre a palavra mulher, é um primeiro marcador de violência. Quando colocamos tudo no mesmo saco, desconsideramos a construção subjetiva – o “tornar-se mulher”.

Se, por um lado, os movimentos feministas cresceram e se complexificaram ao longo do século XX, construindo ferramentas para que as subjetividades sejam levadas em conta, podemos dizer que a Psicanálise – disciplina nascida através do útero das ditas histéricas – mulheres que diante da violência sofrida não tinham outro remédio senão desenvolver sintomas – ainda não se apropriou de forma definitiva do tema, e muitas vezes psicanalistas desavisados podem utilizar fórmulas e padrões prontos para pensar sobre gênero.

Revendo autoras que contribuíram para o desenvolvimento das ideias que hoje consideramos representativas do desejo de liberdade das mulheres, nos deparamos, frequentemente, com a materialidade do corpo: mulheres levam em consideração seus corpos e as condições em que vivem. O discurso feminista que permanece vivo é aquele que localiza a mulher no tempo e no espaço – um exemplo clássico é a dupla Simone de Beauvoir e Sartre: ele filosofa sobre o ser humano e ela sobre a mulher, ou seja, o sujeito dele é universal, centrado em si mesmo, enquanto ela busca especificidades e situa a mulher como sujeito específico.

Nessa linha, Virgínia Woolf, no ensaio “Um teto todo seu”, publicado em 1929 diz que ao ser convocada a pensar na mulher que escreve, passou pela tentação de apenas descrever obras e autoras que ela admirava e chegou à conclusão de que para produzir, uma mulher precisa da garantia de um teto e de dinheiro para se sustentar. A violência contra a mulher apoia-se em muitos aspectos simbólicos, mas também na precarização de suas condições sociais e econômicas.

Diante desta limitação, uma conversa em um podcast pode ter potência ao legitimar a violência como restrição ao acesso aos bens concretos, mas também gostaríamos de oferecer bens simbólicos como conceitos e ideias que contribuam na construção de um teto de palavras, que por não fazerem concessões, podem funcionar como mais teias nesse grande teto feminista que abriga as mulheres.

E para conversar conosco convidamos a feminista criminalista Carmen de Campos e a psicanalista Susana Muszkat (SBPSP).

Segue o link no podcast da Apple

https://podcasts.apple.com/br/podcast/mirante/id1613452487?i=1000699535042

E o link do Spotify

https://open.spotify.com/episode/170NqOTIUrWE11TtV5P56L?si=PyA9OfqtSU2Z37wv-dxoEQ

Lembrem-se que também estamos presentes nos demais canais de áudio. 

Forte abraço, equipe de Curadoria do OP

Categoria: Mirante
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