Mirante-o Podcast do OP 42/2025

Olá Pessoas queridas,
Está no ar mais um programa do Mirante, o podcast do Observatório Psicanalítico Febrapsi.
Considerando que nos aproximamos do “Dia dos Pais”, aqui no Brasil, nos dedicamos a pensar sobre o tema “paternidades”. Sim, no plural. Nos interrogamos sobre o que é, afinal, ser pai — ou ocupar esse lugar — num mundo em transformação.
Convidamos Jorge Lyra e Maria Lucia Ferreira Alvarenga para esse diálogo. Jorge Lyra é um dos coordenadores do “Instituto Papai” (ONG de Recife, PE) e Maria Lucia Ferreira Alvarenga, psicóloga e psicanalista da Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPBsb).
O pai proposto por Freud não é apenas aquele que educa, sustenta ou dá o nome. Ele é também ausência, interdição, memória e mito. Como vimos no episódio anterior do Mirante, em Totem e Tabu, Freud inventa uma cena inaugural da cultura: um pai assassinado, devorado pelos filhos, que retorna como lei e como culpa. Esse pai arcaico funda a civilização ao ser eliminado. É a partir da perda que o pai se torna simbólico, aquele que marca um limite entre o desejo e o mundo.
Na história do sujeito, o pai, ao entrar como um terceiro, atravessa a relação com a mãe — não para ocupar seu lugar, mas para separar a dupla mãe-bebê. Essa separação é o que possibilita o sujeito desejar. O pai — ou a função que chamamos paterna — civiliza, introduz a lei, dá nome às coisas, oferece um lugar no mundo. Mas esse lugar nunca está garantido de antemão. Há sempre um resto, uma angústia, um enigma sobre o que é, afinal, ser pai ou ter um pai.
Hoje, em tempos de paternidades plurais — homoafetivas, trans, compartilhadas, presentes, ausentes —, seguimos tentando reinventar o que significa cuidar, limitar, nomear, amar.
Na clínica, os pais voltam sempre. Como dor, como sombra, como ideal, como ausência que queima. Há quem precise matar o pai, há quem o procure por toda a vida. Há quem o sonhe, quem o tema, quem o confunda com Deus. Há quem viva tudo isso ao mesmo tempo. O que é certo é que nenhuma história se escreve sem esse nome — o do pai — ecoando, mesmo que em silêncio, nos corredores da alma.
Seguem alguns links dos tocadores de áudio que estamos presentes. Não deixem de nos escutar. E comentem, por aqui, o que acharam. Se gostarem, divulguem e avaliem no campo de comentários das plataformas.