Para conversar sobre “Eros, o saber e a política” convidamos o colega psicanalista Miguel Calmon (SBPRJ) e a professora de
matemática e tecnologia da UFRJ, filósofa e historiadora Tatiana Roque. Tatiana recebeu o Jabuti em 2913 com seu livro “História da Matemática: uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas”. E o seu livro mais recente, “O Dia em que Voltamos de Marte: uma história da ciência e do poder com pistas para um novo presente”, foi finalista do Jabuti em 2022.
No texto “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” (1905) Freud nos apresenta a pulsão epistemofílica. Ali, ele sugere que o primeiro problema com o qual a ânsia de saber se esbarra é a pergunta: “de onde vêm os bebês?”. Esse questionamento expressa um receio do infante de que um novo bebê origine uma perda de cuidados e de amor.
Gilberto Gil, ao cantar a música Quanta, salienta o fogo que instiga seres humanos a criar, a conhecer. Ele diz:
“Vento de calor, de pensamento em chamas, inspiração
Arte de criar o saber
Arte, descoberta, invenção
Teoria em grego quer dizer o ser em contemplação”
Há, portanto, uma força, uma pressão, que mobiliza os seres humanos a querer saber sobre si e sobre o mundo. De onde vem, afinal, esse desejo de saber que estimula, aquece, e que é capaz de gerar tantas ações?
A ideia de ciência surge como resposta frente aos problemas e dificuldades que enfrentamos. Promete emancipação individual e coletiva, progressos e melhoria de vida. Contudo, com o advento da bomba atômica, dos mísseis de guerra e das câmaras de gás para extermínio de seres humanos, a narrativa de que a ciência viria apenas para o bem da humanidade é questionada. A ciência, afinal de contas, é uma produção humana e, como tal, pode ser usada para a destrutividade.
A busca do conhecimento científico passou, gradualmente, a ser substituída por especulações conduzidas por algoritmos que apenas reafirmam crenças individuais. A opinião pública, tão importante para a cobrança de políticas públicas que gerem mudanças, paulatinamente se distanciou da ciência. Especialistas, por vezes, passaram a ser colocados para escanteio.
A distopia 1984, de George Orwell, em que há um “Grande Irmão” que determina o que é verdade, tornou-se um a realidade.
O que fazer para que o discurso o científico volte a se comunicar ativamente com a população e, consequentemente, com o poder público? Como retomar o diálogo entre ciência e política? Como fazer com que as pessoas, se interessem mais sobre o mundo do conhecimento?
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