A psicanálise contemporânea: a falta e o excesso

Observatório Psicanalítico 09/2017

Ensaios sobre acontecimentos sociais, culturais e políticos do Brasil e do mundo.

 

A psicanálise contemporânea: a falta e o excesso

José Costa Sobrinho

 

A FEPAL (Federação de Psicanálise da América Latina) está promovendo, junto com a SPBsb, nos próximos dias 23 e 24 de junho, o I Encontro Inter-regional de Psicanálise de Adultos, dentro de um campus universitário, o IESB, tendo como convidados Elnora Jimenez Arrieta, Diretora do Instituto de Psicanálise da AMPIEP (México); Gustavo Jarast, analista didata da APA (Buenos Aires) e Vera Adamo, do GEPde Campinas, analista didata da SBPSP.

O evento tem como proposta articular o diálogo psicanalítico dentro de um campo delimitado por três regiões da América Latina. É importante lembrar que estes encontros são a oportunidade que os psicanalistas têm para compartilhar suas experiências e apresentar seus pensamentos, organizados e extraídos do solitário trabalho dos consultórios, do setting construído na transferência e na escuta das associações.

O tema é a Psicanálise Contemporânea e o subtema, A Falta e o Excesso, ou seja, aquilo que entendemos ser a reverberação das transformações da sociedade, da tecnocultura , das novas possibilidades de comunicação e das novas configurações do sujeito frente ao outro e a si mesmo. É um mundo que revela dificuldades à diferença e à alteridade, com tendência a um suposto pensamento comum e homogeneizado, que na realidade é um ataque à capacidade de pensar e ao ser criativo.

São estes aportes que nos chegam, com um universo que se apresenta como sintoma e sintomas que se apresentam ao nosso trabalho, pedindo uma escuta estendida para estes sofrimentos narcísicos. Isto pode se dar através de novos enquadres ou modificações impostas pelo contexto, que é próprio a cada momento do processo civilizatório, que atualiza angústias, o desamparo e o medo do aniquilamento.

À psicanalise se coloca, portanto, este desafio de traçar o caminho inverso destes deslocamentos e estranhezas, e trazer de novo a possibilidade de um sonhar, do indivíduo se sentir reconhecido pelo outro e ao mesmo tempo pertencer a si mesmo. Para o psicanalista coloca-se ainda uma questão delicada que é o equilíbrio entre a consideração sobre a dimensão social e outros campos da atividade humana e a preservação do olhar e da escuta analítica.

É com estes elementos que este I Encontro Fepal vai nos reunir em Brasília nos próximos dias, em diálogos que acreditamos criativos e transformadores.

 

(Os textos publicados são de responsabilidade de seus autores).

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