IV Congresso de Psicanálise de Língua Portuguesa – Mindelo, Cabo Verde
Algo mais está invariavelmente envolvido na vida mental do individuo, como modelo, um objeto, um auxiliar, um oponente, de maneira que, desde o começo, a psicologia individual, nesse sentido ampliado, mas inteiramente justificável das palavras, é, ao mesmo tempo, também psicologia social (Freud, 1921, p. 91).
Julho de 2018, estamos nos aproximando da data do IV Congresso de Psicanálise de Língua Portuguesa – 15 a 17 de novembro de 2018 –, desta vez nos domínios do continente africano, em Mindelo, Cabo Verde. Os colegas cabo-verdianos estão nos aguardando num clima fraterno, que convida a visitar suas belas paisagens e aproveitar sua rica hospitalidade, tendo como meta criar um ambiente promissor para o desenvolver de um pensamento científico, sobre a escravidão e suas rotas em nossa contemporaneidade. Temática coerente com a proposição de criarmos um espaço de interação entre o sujeito e a estrutura social, da qual é criador e criação – sentido ampliado, mas inteiramente justificável das palavras.
Escravidão, fenômeno milenar que acompanha, paradoxalmente, a história da humanização do bicho homem: o próximo como alguém a ser explorado, humilhado, utilizado sexualmente, torturado […] (Freud, 1930). Contudo, nosso olhar deve se direcionar, em especial, para a relação escravocrata com a África. Nesse sentindo, nada melhor do que o retorno à terra mãe, berço da humanidade. É uma oportunidade de reencontro com esse passado traumático. Retorno a um passado que segue presente, manifestando-se nas mais variadas formas de alienação; que nos dá a possiblidade de recordar, quem sabe, não repetir via compulsão, e nesse processo conceber uma abertura para o elaborar: significar e ressignificar a África em nós.
Para articular tal meta, necessitamos, em primeiro lugar, exercitar um diálogo com as origens e com as responsabilidades, na efetivação de que o continente negro – do individual ao social – tenha se inscrito na história da humanidade como o lugar da desvalia, da exclusão, ou ainda, da miséria. Desse modo, algumas questões ganham palavras: qual o destino dessa herança, esse algo mais, na constituição da nossa subjetividade? A construção da identidade dos povos colonizados e escravizados, desde o começo, decide que a relação com o outro seja calcada no modelo de servidão, fascínio e auto-sacrifício (Freud, 1921)? Seria essa uma rota possível para mensurarmos a presença e a vigência de um masoquismo narcotizante em nosso particular jeito de ser? Nosso congresso, rompendo e subvertendo os estreitamentos das trilhas escravagistas, lança essas e outras interrogações, em busca de pensadores indiscretos, que se atrevam a falar do senhor e do escravo, em si e no semelhante.
Em nosso site, temos exposto um programa preliminar que versa sobre os vários itinerários, com suas múltiplas intersecções, sobre o flagelo da escravidão e suas potencialidades de transformação. Para isso a poesia, a literatura, ou seja, a arte como um todo estará a serviço de provocar um diálogo com o pensar psicanalítico. Um entrelaçamento entre cultura e psicanálise, terreno fecundo, propulsor de sublimações comprometidas com a ética, em tempos que proliferam sinistras formações reativas.
Estamos construindo um congresso na expectativa de que cumpra a função de estimular o conhecer, o pensar, o inquirir e o sentir. Ferramentas que trazem consigo a promessa de que possamos ir além das marcas traumáticas – o intraduzível com seus fueros (Freud, 1896) –, aquelas que definem um aprisionamento às rotas da escravidão, desenhadas pelos colonizadores de ontem e os de hoje, com seus desejos niilistas de supremacia de uma raça, de uma crença, de um saber… Enfim, de uma ideologia que assevera uma dominação prescritiva.
Aguardamos vocês
Ignácio A. Paim Filho – Diretor científico da Febrapsi
Leda Herrmann – Diretora de Comunidade e Cultura da Febrapsi
INFORMAÇÕES IMPORTANTES:
Inscrição: Clique aqui para acessar a ficha de inscrição. Uma vez preenchida, a ficha deve ser enviada para o e-mail: [email protected] , aos cuidados de Taís Maia. As inscrições são isentas de custos.
Público-alvo: o evento é aberto a todos os interessados, profissionais e estudantes, de várias áreas;
Programa: durante os três dias de congresso haverá, diariamente, 1 mesa plenária e 3 mesas simultâneas com temas propostos pelos congressistas; além de 2 mesas para temas livres e 1 mesa para discussão de casos clínicos;
Trabalhos: as comissões brasileira, portuguesa e cabo-verdiana estão recebendo, para avaliação, propostas de trabalho sobre o tema e também propostas para temas livres, com a possibilidade de a proposta ser aceita para apresentação em pôster. No nosso caso, as propostas devem ser enviadas para o e-mail: [email protected] ;
Local: Centro Cultural do Mindelo (Ilha de São Vicente), que harmoniza arte e psicanálise;
Hospedagem: sugestão de hotel próximo do Centro Cultural: Hotel Oásis Atlântico Porto Grande – Praça Amilcar Cabral, Mindelo – www.oasisatlantico.com
Diárias em quarto standard – single: 82,00 euros / duplo: 99 euros
* Para informações e reservas de voos e hotel, sugerimos contato com Alessandra Oliveira – Brimpex Representações e Turismo – Belo Horizonte: (31) 3029.3822 / (31) 98422.5130, e-mail: [email protected] .
* Ressaltamos que a Febrapsi não tem contrato com esta agência, trata-se de uma sugestão para facilitar sua pesquisa e reservas, pois alguns membros Febrapsi têm comprado seus pacotes com Alessandra, que está a par das informações necessárias para a viagem (opções e voo e conexões, hotéis, visto etc.)
Documentação necessária para cidadãos brasileiros:
– Passaporte com validade superior a 6 meses e visto.
* É necessário visto. Documentação requerida para emissão do visto:
– Passaporte (validade mínima de 6 meses)
– Formulário preenchido e assinado
– 2 fotos 3×4 recentes
– Comprovante de residência
– Cópia do CPF e RG
– Cópia do Imposto de Renda
http://www.embcv.org.br/portal/modules/mastop_publish/?tac=Visto