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FEBRAPSI e Sociedade de Psicanálise de Brasília promovem em setembro jornada sobre identificação, identidade e diversidade.

28 / agosto / 2019

Um olhar sobre o nosso tempo

Quem Sou Eu?

 

A exigência, demostrada nessas proibições, de que haja um tipo único de vida sexual para todos não leva em consideração as dessemelhanças inatas ou adquiridas, na constituição sexual dos seres humanos; cerceia um bom numero deles, o gozo sexual, tornando-se assim fonte de grave injustiça (Freud, 1930).  

 

Distrito Federal, Brasília, 13 e 14 de setembro de 2019. Nesta ocasião a FEBRAPSI e a Sociedade de Psicanálise de Brasília promoverão uma atividade conjunta, visando trabalhar a temática das identificações e seus desdobramentos na Identidade, com suas diversidades, tomando por interlocutor o misterioso interrogante: Quem Sou Eu?

Trabalhar tal proposição impõe-se diante de um contexto que revela uma diversidade de configurações para o SER contemporâneo – levante as proibições por uma exigência de uniformidade. Essas configurações acionam uma variedade de perguntas que pressionam por reflexões, que possam remontar e desmontar a fonte de graves injustiças.

Pensando em trabalhar nossas proposições, partiremos das identificações e sua intrínseca relação com a psicobissexualidade – com suas dessemelhanças adquiridas. Este é um conceito central no pensamento freudiano para se pensar a constituição do sujeito: jogo fecundo entre o ser e o ter, gramática fundante do vir a Ser (Freud, 1938). Nesse momentoso processo, o trabalho do luto, mediado pelo complexo de castração, convoca transformações que levem a sedimentar as identificações – em um trânsito das identificações primárias para as identificações secundárias. O Eu se faz um precipitado de investimentos objetais abandonados, que albergam uma história. Esse processo implica pensar a sexualidade ampliada do complexo de Édipo? Narciso e Édipo em busca de reescreverem a sua história? Mais uma questão: o romance familiar, com suas múltiplas apresentações e representações, segue sendo modelo adequado para refletirmos sobre como forjamos o que somos? 

Por esse caminho que faz da identificação o cerne estrutural do Ser, pretendemos abordar a identidade e suas vicissitudes. Tal meta requer lançar um olhar e uma escuta para alguns elementos: o sexo, o gênero e o desejo. Conceitos que propõem encontro e desencontros, fontes de inúmeras controvérsias. Quais? Sexo desígnio e/ou destino? E o desejo, segue sendo produto de um segredo de amor (Freud, 1910), vivido em parceria com as figuras parentais?  Mais uma questão: qual a relação entre o gênero e as diferenças anatômicas entre os sexos? Por fim, anatomia é destino (Freud, 1912)?  

Objetivando tornar nossa atividade mais interativa, faremos um intercâmbio com a cultura – metáfora para nossa vida cotidiana – através do filme Girl. Momento de nos utilizarmos da trama vivida por nossa protagonista, jovem transexual que aspira ser bailarina, para exercitarmos um pensar sobre o que psicanálise tem a dizer, a perguntar e a propor sobre: Identificação – Identidade e a Diversidade.

Com esse cenário, como um possível enquadre, esperamos criar uma incubadora de ideias que permitam o proliferar de indagações, ponderações e especulações que rompam com qualquer proposição de se criar Weltanschauung (Freud, 1932). Comprometidos com o princípio ético, que referenda, não há um tipo único de vida sexual para todos.  

 

Aguardamos vocês, na expectativa de fazermos do conhecido um trampolim para o fascinante mundo do desconhecido.  

 

Ignácio A. Paim Filho

Diretor científico da FEBRAPSI                

 

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