Lou Andreas-Salomé, a quem Freud chamou de poeta da psicanálise, nasceu em São Petersburgo, Rússia, no ano de 1861 e faleceu em Gottingen, Alemanha, em 1937. Foi uma mulher que exerceu grande influência na vida de homens como Rilke e Nietzsche e, apesar de sua tumultuada vida amorosa despertar maior interesse, a sua obra escrita é vasta e rica.
O livro O erotismo seguido de reflexões sobre o problema do amor é composto de dois artigos, ambos constituem importante contribuição para uma abordagem dos problemas da mulher na sociedade contemporânea. Lou refere que seja qual for o ponto de vista em que abordemos o erotismo, temos sempre o sentimento de proceder com extrema parcialidade.
“A ambigüidade e a bipartição caracterizam de um modo tanto mais típico o problema do erotismo, quanto ele parece resistir mais do que qualquer outro às definições, flutuando entre o físico e o espiritual.” (p. 14) A autora parte da sexualidade, do ponto de vista mais fisiológico, para descrever a base do erotismo, e depois vai estabelecendo relações entre este e a arte, a religião, a sociedade. Desenvolve também as vicissitudes do erotismo na mulher e na maternidade.
No artigo sobre o problema do amor, Lou descreve a “trama” de elementos – narcisismo, idealização, egoísmo, hostilidade, felicidade – envolvidos no amor. Nas suas próprias palavras, o término do artigo: “Apenas um homem sabe que a felicidade e tormento são a mesma coisa: é o criador. Mas, muito antes dele, um ser humano atingido pelo amor estendeu, suplicante, suas mãos para uma estrela, sem se perguntar se era prazer ou dor o que implorava dela…” (p. 111).
Resenha elaborada por Paula Dauth Samento Leite, psicanalista em formação pelo Instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre.