Heinz Kohut

(1913 – 1981)

Psiquiatra e psicanalista, Heinz Kohut é criador da escola psicanalítica da Psicologia do Self. Nasceu em 13 de maio de 1913 em Viena, Áustria. Era filho único de uma família judia. Formou-se em medicina em 1938, após um período no qual encontrou grandes dificuldades para concluir o curso, pois os nazistas já ocupavam a Áustria com suas práticas excludentes e de eliminação para com os judeus. Like many Jews , including Freud , Kohut fled Nazi occupation of his native Vienna , Austria in 1939 .Saiu de Viena em 1939, mudando-se definitivamente para os Estados Unidos da América.

Morou e trabalhou em Chicago. Foi professor na universidade local. Estudou no Instituto de Psicanálise de Chicago e tornou-se figura proeminente da psicanálise norte-americana e mundial. Foi presidente da Associação Americana de Psicanálise no biênio 1964/65 e vice-presidente da Associação Internacional de Psicanálise no período de 1965 a 1973.

Seus estudos sobre as patologias narcísicas apresentadas em trabalhos e também na publicação de seus livros provocaram críticas negativas e contundentes. Colegas e estudantes passaram a se reunir com ele regularmente e formaram o Grupo de estudos da psicologia do self. Segundo conta Arnold Goldemberg na introdução à obra Como cura a psicanálise (Kohut, 1989, publicado postumamente), o interesse pelos trabalhos de Kohut se expandiu tanto e tão rapidamente que um grupo maior com cerca de 50 membros suplantou o originalmente criado.

Algumas de suas obras de referência: Introspecção, empatia e psicanálise (1959); A análise do self (1971); A restauração do self (1977), e a publicação póstuma Como cura a psicanálise? (1984).

Kohut morreu em Chicago em 8 de outubro de 1981, aos 68 anos, vítima de leucemia.

Contribuição teórica e metodológica à psicanálise

De acordo com uma analogia feita por Kohut, assim como a fisiologia do aparelho respiratório de um bebê necessita de uma atmosfera que contenha oxigênio para sobreviver, o self nascente de um bebê necessita de um ambiente que contenha self-objetos respondendo empaticamente às suas necessidades psicológicas.

Em suas observações, Kohut formulou, a partir do exercício clínico, o conceito estrutural do self-objeto: o indivíduo que numa espécie de vivência aglutinada desempenha as funções ainda impossíveis ao bebê, que não possui um self estruturado, mas apenas um núcleo de self a ser desenvolvido a partir dessa vinculação com o outro self. Kohut afirma que os self-objetos que cumprem funções psicológicas para o bebê são reconhecidos e experimentados pelas funções que exercem junto a ele e não por sua existência e característica individual, ou seja, para o bebê, o adulto que cuida é parte de si mesmo.

O self-objeto, em sua especificidade vincular, apresenta modalidades como, por exemplo, o self-objeto idealizado, cujo mecanismo é de “fusão com um objeto onipotente que garanta a segurança e amparo”. Também o self-objeto especular que garante ao bebê “o espelhamento necessário para sua condição de valor e autonomia”. Ainda o self-objeto gemelar, que atende à necessidade de semelhança essencial, permite surgir o “sentimento de pertencer a um contexto humano”.

Caso o self-objeto falhe, para além ou aquém da capacidade maturacional, ao invés da necessária desidealização do self-objeto falho ocorrerá, então, a internalização idealizada do mesmo. Assim surgem as patologias narcísicas do self.

O self completo e não defeituoso tem em seu aspecto dinâmico o que Kohut denominou arco ininterrupto de tensão. É no restabelecimento deste arco ininterrupto de tensão, desde seus ideais básicos e habilidades até o desenvolvimento da capacidade realizante, criativa e produtiva, que o self narcísico defeituoso tentará, mais uma vez, agora no ambiente analítico com seus fatos transferenciais, retomar e desenvolver-se com seu próprio núcleo do self.

Kohut ressalta que a cura do self ocorre a partir das vivências emocionais do paciente na reativação e análise das transferências. Noutras palavras: a situação de análise é o ambiente no qual os conflitos não solucionados na infância são reativados na transferência, tornados conscientes e elaborados através do processo analítico.

Resenha elaborada por Yesmin Sarkis, membro associado da Sociedade de Psicanálise de Brasília.

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