T

Clique na imagem para ampliar

RODA DE CONVERSA: O Estranho – Inconfidências

25RODA DE CONVERSA 

O Estranho – Inconfidências

Inconfidências Metapsicologicas

 A verdade, porém, é que o escritor verdadeiramente criativo jamais obedece a essa injunção. A descrição da mente humana é, na verdade, seu campo mais legitimo; desde tempos imemoriais ele tem sido um precursor da ciência e, portanto, também da psicologia cientifica(Freud, 1907).

 O que impera no silêncio, para o nosso espanto, não é somente a mudez da pulsão de morte – enquanto conceito limite entre o somático e o psíquico – como também, a ausência do confronto entre Eros e a pulsão de destruição. O silenciar, narcotizado pelo defusão “completa”, ou pela fusão “completa”, vai ressoar na morte do desejo (Paim Filho, 2019).

Estamos nos aproximando da data do Congresso Brasileiro de Psicanálise – O Estranho – Inconfidências – que ocorrerá em Belo Horizonte, de 19 a 22 de junho de 2019. Com o objetivo de trabalhar essa temática a SBPdePA promove um evento preparatório, no dia 25/04/2019, às 20 hs, numa tradicional atividade chamada Roda de Conversa, com a presença do diretor científico da Febrapsi, Ignácio Paim.

Nessa oportunidade abordaremos, com especial atenção, as Inconfidências Metapsicologicas, exercitando um diálogo interrogativo entre a clínica e a cultura. Freud (1919), com um objetivo semelhante, faz uma interlocução com Hoffmann, através do Homem de Areia, que legitima sua sinistra afirmação de 1907, em relação os escritores criativos: precursor da ciência, ou ainda, da psicologia cientifica. Prenuncio da sua celebre confidência, com certa dose de inconfidência, de 1922, em relação à Schnitzler: Acho que evitei o senhor por causa de uma espécie de relutância em conhecer o meu duplo. Modo próprio, de usar si como objeto de estudo, visando ratificar a sua busca, para fazer do estranho, exemplificado no duplo, um conceito especifico. Nesse sentido segue: […] suas reflexões sobre a polaridade do amor e a morte, tudo isso me comoveu com inquietante familiaridade (Freud, 1922).

Através de uma fértil interação, com o mestre da literatura fantástica, Freud, tal qual Schnitzler, vai explorar as profundezas psicológicas, que estão implicadas nas vicissitudes pulsionais de Natanael: do representável ao irrepresentável. O estranho se apresentando em suas diferentes roupagens, desacomodando a lógica do processo secundário, permitindo que venha a luz o secreto, de forma clandestina, com seus inebriantes mistérios. Por esses caminhos a temática da cisão, o mais além do recalque, se presentifica. A renegação começa a desenhar o seu lugar na estruturação anímica: enérgico desmentido do poder da morte (Rank, 1914). Diante dessas considerações poderíamos compreender o duplo como tendo seu destino determinado pela pulsão de apoderamento das figuras parentais? Império do ser em detrimento do ter? Permanência e transitoriedade tecendo o entrelaçamento entre Eros e destrutividade?

Na narrativa do Das Unheimliche (1919) o escritor/analista Freud, tal quais os escritores criativos, vai convidando o leitor a deixar-se levar por essa experiência estética: a importância de viver em si essa peculiar sensação. A qualidade do sentir no intercâmbio entre o repulsivo e o doloroso, vai gerando estranhamentos e anunciando a problemática da eterna repetição do mesmo. A castração, marca do corte, vai sendo teatralizada, entre ser reconhecida e não conhecida, na vida fantasmática dos personagens do conto de Amadeus Hoffmann, gerando dúvidas quanto à veracidade dos fatos.

Seguindo essa entoada teremos o lançamento do livro “Das Unheimliche –Inconfidências Metapsicologicas” (Paim Filho, Sulina 2019). Nesse trabalho, Ignácio traz a temática do estranho com sua virtual capacidade de propiciar inconfidências – rupturas que propiciem o trabalhar em prol da alteridade. Narrativas que estão amparadas em uma prosa cientifica que visa fundamentar a ideia da Psicanálise com uma Ciência Unheimliche. Sendo assim o ser estranho com seus estranhamentos constituem o arcabouço teórico/técnico da psicanalise e do vir a ser psicanalista: pertinência a lugar de eterno estrangeiro, aquele que busca dar voz as múltiplas linguagens dos territórios do inconsciente.

(Texto produzido por Ignácio Paim)        

Para ajudar nessa tarefa dar voz ao inconsciente que Ignácio Paim tanto trabalha, chamamos Leonardo Francischelli para comentar e debater tanto o tema do congresso quanto o livro. Coordena a atividade Lores Meller. Será um evento de grande potencial teórico e um debate com três grandes nomes de nossa instituição. Imperdível!!

Aguardamos vocês!!

Comissão Científica

 Informações: [email protected] | fone: 3333.6857

Local: Praça Maurício Cardos, 07 – Moinhos de Vento – POA

 

Share This